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Mitigação de Riscos

19, Jul. 2021

Mitigação de Riscos

Webinar da Swiss Re Corporate Solutions destaca riscos que devem ser mitigados na retomada das operações

Fonte: Sonho Seguro

Quanto mais conscientes dos riscos, mais preparados para lidar com eles e, consequentemente, menores serão os impactos na sociedade. Está tem sido a filosofia da Swiss Re, uma das maiores resseguradoras do mundo, dedicada a mapear e analisar os riscos mundiais. Um dos estudos dedicados a isso chama-se Sonar. O Sonar é capaz de identificar riscos novos, mutáveis e não previstos que a indústria de re/seguros e seus clientes precisam ter no radar. Com isso, todos podem ficar à frente dos desafios para tomar decisões sustentáveis e resilientes nos negócios, comentou Caroline Rodrigues Cabral, economista do Instituto Swiss Re, na abertura do Webinar Retomada das operações suspensas, acidentes maiores à frente?, realizado em julho.

Em 2013, o risco da disseminação alta de doenças contagiosas constava nos principais riscos emergentes. Em 2015, o estudo trazia o alerta de uma pandemia global que poderia afetar as cadeias de produção e impactar os mercados financeiros. Em 2017, novamente pandemia foi abordado de forma mais enfática, com o questionamento sobre como a sociedade estaria preparada para lidar com ela. Se tivéssemos nos preparados para a pandemia, listada no Sonar em 2013, 2015 e 2017, não estaríamos onde estamos hoje com a Covid 19, ressaltou.

Empresas zumbis são risco pós-pandemia, avalia Swiss Re

Estamos sentindo os efeitos drásticos desde o final de 2019 até hoje. As bolsas só se recuperaram rapidamente porque tivemos boas notícias de uma vacina em tempo recorde. Mesmo assim, a perda de PIB global foi de quase 4% em 2020 e já contabilizamos, até julho de 2021, mais de 4 milhões de mortes em todo o mundo. Desde então, vivemos com uma incerteza elevada e enquanto a pandemia continuar, esta história não mudará. O que torna mais evidente que estar ciente dos riscos nos ajuda a se preparar para o futuro, reforça Caroline.

Um dos riscos emergentes, trazidos no Sonar 2021, é Retomada das operações suspensas, acidentes maiores à frente?, que foi o tema do webinar. A pandemia trouxe à luz novos riscos e exposições. Empresas de diversos setores foram obrigadas a cortar orçamentos e a reduzir suas operações. E agora, com a retomada das operações, como evitar os riscos de acidentes?

Fabio Magalhães, Head Risk Engineering Services Americas Swiss Re Corporate Solutions, destacou no webinar a importância de ter um check list antes da retomada em atividades industriais. Este é um momento crucial, pois é quando costuma ocorrer o maior número de problemas após um período inativo, que podem ocasionar incêndio, explosão e quebra de máquinas, diz. Segundo ele, cerca de 40% a 50% dos incidentes envolvendo a retomada sucedem durante a partida de equipamentos que ficaram parados por um determinado tempo. Outro dados estatístico relevante citado por Magalhaes é que cerca de 80% a 90% dos grandes sinistros ocorrem por erros humanos.

Por isso é importante que todos os treinamentos e procedimentos sejam revisados antes da retomada da operação, alerta. Há coisas óbvias, que envolvem bom senso, que precisam ser seguidas, pois um acidente de grande proporção geralmente é causado por uma série conjugada de pequenos eventos, comenta. A primeira coisa é estar preparado para lidar com pequenos eventos, como avaliar alterações no processo depois da parada. Outra é ter as pessoas chaves responsáveis por operar o equipamento presentes no momento da retomada. Todos devem também garantir que a manutenção tenha sido mantida mesmo durante a parada, recomenda.

Silvio Steinberg, Head Patrimonial & Riscos de Engenharia Brasil, faz os mesmos alertas. Muitas industrias reduziram o número de pessoas em trabalho. Com a retomada, a principal agenda é priorizar o que precisa ser feito, e certamente o treinamento dos funcionários e a manutenção dos sistemas, principalmente de incêndios. Os clientes têm de garantir que os sistemas de prevenção de incêndio estão funcionamento de forma adequada.

Rafael Rodrigues, Head Subscrição Standard (Massificados) Brasil, destacou que as principais preocupações dos clientes está em ter uma apólice adequada ao risco. Com a pandemia, hotéis e shoppings, por exemplo, tiveram risco reduzido pelo fechamento ou pelas restrições de circulação. O corretor teve um papel importante recomendando a redução das coberturas e não o cancelamento das apólices. E agora, com o programa de vacinação avançando, o risco volta a ser considerado novamente com o maior fluxo de pessoas circulando nestes estabelecimentos, explica. O executivo também destacou que o armazenamento de mercadorias e danos elétricos são pontos importantes para os corretores chamarem a atenção de seus clientes.

O diferencial da Swiss Re neste momento da retomada está na compreensão da situação do cliente. Temos engenheiros altamente especializados para solucionar problemas e prover uma cobertura que traga tranquilidade para a retomada das operações, enfatiza Magalhaes. Segundo ele, uma forma rápida de se obter informações para uma retomada segura seja da indústria como do comércio é acessar o portal da Swiss Re. Lá é possível encontrar estudos de prevenções para diversos segmentos. Outra forma é contactar algum membro da equipe para que os temas possam ser discutidos caso a caso.

Assista o webinar na íntegra no portal da Swiss Re Corporate Solutions.

Mercado Segurador Encolhe

Lucro das seguradoras recua 47% de janeiro a maio de 2021, mesmo com alta de 19,7% nas vendas do setor

Mais detalhes sobre os balanços das companhias serão conhecidos no início de agosto, quando começa a temporada de divulgação dos balanços semestrais, com Bradesco no dia 3, após o fechamento do mercado

O lucro líquido reportado pelas seguradoras no período de janeiro a maio deste ano foi de R$ 3,5 bilhões, uma queda significativa de 47% comparado com os R$ 6,7 bilhões obtidos nos primeiros cinco meses do ano anterior. A redução acontece num período em que as vendas avançaram 19,7%, para R$ 117,4 bilhões, no mesmo período, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), analisados pela consultoria Siscorp. Segundo o sócio diretor Dawson Henriques, o principal impacto na lucratividade vem do maior volume de indenizações pagas, principalmente no segmento de pessoas, e da queda do resultado financeiro.

Pela primeira vez em anos, a Bradesco Seguros não está no topo do ranking de lucro. Foi superada pelo Banco do Brasil e pela Caixa. Nos primeiros cinco meses deste ano, o lucro da Bradesco foi R$ 648 milhões, uma perda relevante, de 66%, diante de R$ 1,9 bilhão reportado de janeiro a maio de 2020. O Banco do Brasil alçou a liderança do ranking com ganho de R$ 927 milhões, acima dos R$ 832 milhões do mesmo período anterior. A Caixa se manteve em segundo lugar, com ganhos de R$ 820 milhões nos primeiros cinco meses de 2021.

Segundo especialistas, com o resultado do primeiro semestre já dado, as companhias se debruçam nas estratégias para o segundo período do ano para recuperar o resultado e encerrar 2021 com dados mais animadores para a esperada retomada da economia em 2022. Mais detalhes sobre os balanços das companhias serão conhecidos no início de agosto, quando começa a temporada de divulgação dos balanços semestrais, com Bradesco no dia 3, após o fechamento do mercado. O que o dia a dia das divulgações mostra é que a pandemia acentuou a revolução que o setor experimentava nos últimos dois anos com o avanço da tecnologia, com as mudanças no hábito de consumo, com as novas regulamentações e, consequentemente, tudo isso fez com que todos redesenhassem as estratégias para fazer frente a um setor mais inclusivo, em todos os sentidos.

Fonte: Sonho Seguro

Gestão de Riscos Ambientais

Merkel visita local das inundações e diz que Alemanha deve acelerar luta contra crise climática

A chanceler alemã Angela Merkel começou a percorrer, neste domingo (18), áreas devastadas pelas piores inundações do século na Europa Ocidental, que deixaram ao menos 183 mortos em seu país e na Bélgica e dezenas de desaparecidos, além de danos consideráveis. É uma situação surreal e fantasmagórica. Diria até que o idioma alemão tem dificuldade em encontrar palavras para descrever a devastação que foi causada, disse Merkel em coletiva de imprensa.

Com uma expressão séria no rosto, Merkel chegou pouco antes das 1h3 locais (8h no horário de Brasília) na cidade de Schuld, no estado de Renânia-Palatinado, um dos dois mais atingidos no oeste da Alemanha, onde o transbordamento do rio Ahr destruiu casas e deixou as ruas cheias de escombros, segundo imagens da televisão.

Ao menos 156 pessoas morreram desde quarta-feira nas piores inundações na história recente da Alemanha, e outras 27 morreram na Bélgica. Equipes de resgate dos dois países buscam sobreviventes entre os escombros, em condições perigosas.

As águas começaram a baixar em Renânia-Palatinado e Renânia do Norte-Vestfália (RNW) e a preocupação se voltou agora para a região sul de Alta Bavária, onde as fortes chuvas inundaram porões e provocaram transbordamentos de rios e riachos na noite de sábado. Uma pessoa morreu na fronteira de Berchtesgadener Land, disse uma porta-voz do distrito bávaro.

Na Áustria, trabalhadores de emergência nas regiões de Salzburgo e Tirol se mantinham em alerta de inundações. A cidade histórica de Hallein, perto da fronteira com a Alemanha, estava coberta de água.

Merkel classificou as inundações como uma tragédia e prometeu apoio do governo para os municípios alemães afetados.

O governo alemão informou que pretende criar um fundo especial para atender os danos, cujo custo poderia alcançar os bilhões de dólares.

Especialistas afirmam que o aquecimento global faz com que os eventos climáticos extremos se tornem mais frequentes e os candidatos que buscam suceder Merkel pedem mais ações climáticas.

Armin Laschet, chefe de governo do estado de Renânia do Norte-Vestfália, que foi o mais atingido, e favorito na disputa para chanceler, pediu para acelerar o combate à mudança climática.

Mas Laschet, líder do partido de Merkel que lidera as pesquisas, teve sua imagem manchada no sábado quando foi gravado rindo da devastada cidade de Erftstadt, onde as inundações provocaram um aterro.

Nas imagens, Laschet conversava e ria no fundo enquanto o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, expressava sua dor às famílias afetadas.

Laschet ri enquanto o país chora, publicou o jornal Bild. O dirigente se desculpou posteriormente no Twitter pelo momento inadequado.

Mais de 300 pessoas continuavam desaparecidas no sábado à noite somente na cidade de Bonn (Renânia do Norte-Vestfália), onde vivem cerca de 600.000 habitantes.

Do outro lado da fronteira, na Bélgica, o número de mortos subiu para 27 com várias pessoas ainda desaparecidas.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o primeiro-ministro Alexander de Croo, visitaram no sábado as áreas inundadas de Rochefort e Pepinster, na Bélgica.

A Europa está com vocês, tuitou Von der Leyen após a visita. Acompanhamos sua dor e estaremos com vocês na reconstrução.

A Bélgica declarou um dia oficial de luto na terça-feira.

Fonte: AFP

Na gestão Bolsonaro, nº de multas pagas por crimes ambientais na Amazônia cai 93%

Fonte: Estadão

Os entraves à fiscalização ambiental da Amazônia na gestão Jair Bolsonaro alcançam não só quem monitora infrações no campo, como aqueles que estão nos gabinetes de órgãos federais, julgando esses processos. Em 2019 e 2020, a média de processos com multas pagas por crimes que envolvem a vegetação nos Estados da Amazônia Legal despencou 93% na comparação com a média dos quatro anos anteriores. A centralização de decisões e a burocratização de processos ajudam a explicar o mau desempenho.

O dado faz parte de levantamento do Centro de Sensoriamento Remoto e do Laboratório de Gestão de Serviços Ambientais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os pesquisadores mostram que mudanças em regras internas do Ministério do Meio Ambiente e na legislação entre 2019 e 2020 dificultaram o trabalho de campo dos fiscais e o andamento interno de processos ligados à apuração de infrações ambientais, como desmate e extração de madeira irregulares.

Desde 2019, Bolsonaro tem sido alvo de críticas no Brasil e no exterior diante da explosão de queimadas e do desmatamento na Amazônia. Para combater crimes ambientais, o governo aposta em operações militares, as Forças Armadas, porém, não aplicam sanções a quem desmata ou faz queimadas irregulares. Apesar das tropas, a devastação da floresta segue alta, com a maior taxa em 12 anos.

Segundo o estudo da UFMG, a média anual era de 688 processos com multas pagas entre 2014 e 2018 no Ibama, autarquia ligada ao ministério. Em 2019 e 2020, sob o comando do ex-ministro Ricardo Salles, os balanços foram 74 e 13 multas pagas (média de 44).

Desde que assumiu, Bolsonaro tem declarado seu propósito de parar a indústria da multa e se posicionou contra medidas de fiscais.

O número de processos relacionados a infrações que envolvem a vegetação julgados em 1ª e 2ª instância também recuou: de 5,3 mil anuais entre 2014 e 2018 para somente 113 julgamentos em 2019 e 17 no ano passado.

Os dados foram obtidos pelos pesquisadores via Lei de Acesso à Informação. O grupo diz que pedidos chegaram a ser negados e, depois houve envio de dados. Para especialistas, eventuais defasagens de registros são pequenas e não mudam o cenário. Procurado pelo Estadão desde segunda-feira, o ministério não se manifestou.

Para o biólogo da UFMG Felipe Nunes, um dos autores do estudo, o risco da ausência de responsabilização por crimes ambientais é a desmoralização institucional e sensação maior de impunidade. Essa responsabilização começa com o fiscal em campo, que expede autos de infração quando vê irregularidades. Mas, para a punição valer, é preciso ter julgamento do processo. Em 2019 e 2020, a queda de autos de infração, que já ocorria desde 2017, se acentuou.

Autos de infração são julgados administrativamente pelo Ibama ou Instituto Chico Mendes (ICMBio) em duas instâncias. Em alguns casos, saem da esfera administrativa para a judicial. Em 2019, um decreto obrigou Ibama e ICMBio (que cuida de áreas protegidas federais) a fazerem audiências de conciliação com os autuados. Antes dessa audiência, a multa não é cobrada nem passa por julgamento. Na prática, travou o andamento dos processos.

Não havia recursos, nem de pessoal nem tecnológico, para fazer audiências, que acabavam replicando informações já repassadas pelos fiscais. Toda a explicação que o fiscal dava em campo, de que podia parcelar a multa, optar pela recuperação do dano, agora tem de ser feita também em audiência de conciliação, diz Alex Lacerda, servidor do Ibama e diretor executivo da Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente.

Ele, analista no Pará e ex-superintendente do Estado, vê risco de prescrição de milhares de processos. Hoje, na área em que trabalha, é feita uma audiência de conciliação por semana. Mas, para dar conta dos cerca de 1,8 mil autos de infração por ano, seria preciso ter 30 vezes mais audiências, diz o servidor.

Em maio, o Tribunal de Contas da União (TCU) já indicou paralisia na gestão de multas ambientais. Para especialistas, as restrições impostas pela pandemia não são a causa, já que é possível condução remota do processo. Antes, (o autuado) recebia o auto e uma guia para pagar. Agora, o que recebe é comunicação para reunião que vai ocorrer meses depois. Então ninguém paga e espera a reunião, diz Suely Araújo, especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima e presidente do Ibama na gestão Michel Temer (2016-2018).

Historicamente é baixo o número de multas ambientais pagas, já que boa parte dos autuados prefere usar todos os recursos antes de admitir a infração, mas agora o cenário piorou muito, diz Suely. O intervalo entre o auto de infração e a audiência pode passar de dois anos. Há casos de autos de 2018, por exemplo, que só passaram por audiência de conciliação em maio deste ano.

Além disso, servidores do Ibama e do ICMBio dizem ser preciso remanejar equipes da fiscalização para participar de audiências. Mas é comum quem recebeu a multa não ir. A conciliação, em teoria, é fantástica. Diz que vai evitar contratação de advogados, morosidade e que o Estado receberá mais rápido. Mas, na prática, não acham o infrator e não tem equipe nem tecnologia para fazer a quantidade de reuniões, diz Nunes.

Já o advogado Francisco de Godoy Bueno reclama que havia falta de critérios na aplicação de multas. Os autos estão sendo aplicados agora com melhor critério, afirma ele, sócio do escritório Bueno, Mesquita e Advogados, voltado para empresas do agronegócio.

A centralização crescente de decisões é outro ponto de alerta. Quando não há conciliação, é feito julgamento na 1.ª instância, função concentrada a partir deste ano nas mãos do superintendente estadual, independentemente do valor da multa.

Antes, havia uma equipe em cada Estado, além do próprio superintendente, para avaliar. E multas mais elevadas eram julgadas na sede do Ibama. Nos últimos anos, as superintendências têm sido ocupadas por indicação política e boa parte são militares.

Além de poder haver conflito de interesses, a maioria dos indicados não possui experiência ou conhecimento no assunto, dizem os pesquisadores da UFMG. Bueno, por sua vez, acredita que a centralização dá uniformidade ao entendimento de vários setores do Ibama.

Já processos de 2.ª instância ficam todos com o presidente do Ibama, no último ano, só quatro foram julgados nesta esfera. Na sexta, o comando do órgão passou para Jonatas Trindade, servidor federal de carreira.

Antes, era ocupado pelo tenente-coronel da Polícia Militar de São Paulo, Luis Carlos Nagao. Quando Salles assumiu, nomeou Eduardo Bim, afastado do cargo em maio deste ano e incluído no inquérito que investiga Salles por supostas irregularidades na exportação de madeira. O Estadão também procurou o Ibama e o ICMBio, mas não obteve nenhuma resposta.

Desembargo de infratores já supera bloqueios

O presidente disse que vocês não podem mais fazer isso. É o que escutam com frequência fiscais do Ibama quando vão a campo fazer autuações, segundo Alex Lacerda, servidor do órgão. A fala às vezes vem acompanhada de vídeos de Jair Bolsonaro contra os trabalhos de fiscalização. Também é comum ouvir de proprietários de terra já autuados que os processos não andam, afirma. Isso empodera o pessoal, diz o agente, que atua no Pará, um dos Estados mais pressionados pelo desmate.

A baixa conversão dos crimes ambientais em multas efetivamente pagas cria uma sensação de impunidade e prejudica até os trabalhos de fiscalização. Os sinais são muito importantes. Quando um líder fala mal do Ibama, fala em indústria da multa, passa um sinal péssimo para o campo de que pode invadir, desmatar, minerar, afirma Suely Araújo, especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama. Uma servidora do ICMBio, que preferiu não se identificar, relatou ao Estadão haver uma percepção entre os infratores de que a fiscalização está paralisada. A sensação entre os colegas, de acordo com ela, é de medo. E a agressividade com os fiscais também aumentou.

Para Suely, um dos mecanismos para resolver o baixo pagamento de multas ambientais é a conversão das sanções em serviços ambientais. Outro ponto é descentralizar o poder dado a superintendentes nos julgamentos, em cada Estado, o superintendente é o único que pode julgar processos em 1ª instância. Hoje, há cerca de 99 mil processos de infração ambiental pendentes de julgamento no Ibama, em 1ª ou 2ª instâncias, diz o levantamento da UFMG Inédito. O estudo aponta ainda que houve redução nos embargos ambientais, de 2.589 em 2018 para 385 em 2020. Quando uma área é embargada, a produção obtida é considerada irregular, entra em uma lista compartilhada internacionalmente e não pode ser comercializada.

Em 2020, pela primeira vez, o número de desembargos pelo Ibama foi superior ao de embargos. Na Europa, autoridades e empresas têm apertado o cerco contra mercadorias brasileiras cuja cadeia de produção envolva desmatamento. Por aqui, exportadores pressionam o governo Bolsonaro para melhorar as políticas nesse setor e recuperar a reputação internacional. Para os pesquisadores, a redução de embargos é preocupante, pois indica a adoção de uma estratégia de fiscalização que evita causar sanções econômicas imediatas para os infratores.

Além de Felipe Nunes, o levantamento é assinado pelos pesquisadores Raoni Rajão, Jair Schmitt e Britaldo Soares-Filho, todos ligados à UFMG. Na opinião do advogado Francisco de Godoy Bueno, que atende clientes do agronegócio, o número de embargos era excessivo. É uma medida preventiva que causava grande prejuízo porque o sujeito ficava sem poder colher sua lavoura.

CPFL leva CEEE-T por R$ 2,67 bilhões

Fonte: Monitor Mercantil

A empresa CPFL Comercialização de Energia Cone Sul, representada pela Itaú Corretora, venceu o leilão de desestatização da Companhia Estadual de Transmissão de Energia Elétrica (CEEE-T), na manhã desta sexta-feira, na B3, em São Paulo. O valor econômico mínimo de alienação da totalidade das ações controladas pelo Estado do Rio Grande do Sul era de aproximadamente R$ 1,7 bilhão. O evento contou com seis interessados habilitados para participação.

Acredita-se que a troca de controle possibilitará R$ 1,5 bilhão em investimentos nos próximos cinco anos, ampliando segurança energética na Região Sul. Após abertura dos envelopes com as propostas econômicas, foi iniciada a etapa de lances em viva voz com os três proponentes que apresentaram as maiores ofertas. Ao fim, o melhor lance proposto foi de R$ 2,67 bilhões, 57,13% acima do valor mínimo estipulado no edital de desestatização, confirmando a transferência de 66,08% do capital social total da CEEE-T para a CPFL.

Segundo o BNDES, a venda reflete o objetivo do banco de fomento de ajudar estados, municípios e Governo Federal no aumento da eficiência e da modernização, destacou o diretor de Concessões e Privatizações do BNDES, Fábio Abrahão. O Rio Grande do Sul é uma peça importante nessa transformação. Nossa carteira com o estado tem o setor elétrico, o meio ambiente, com um conjunto de cinco parques, mobilidade urbana e gás, complementou.

A agenda de desestatização também foi ressaltada pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que afirmou ser importante reconhecer que o setor privado tem uma maior capacidade de eficiência na administração. A operação com o ganho de eficiência próprio do setor privado vem em proveito de toda a sociedade, com melhores serviços e menores preços. Esse ganho é revertido em melhores oportunidades de emprego a partir dos investimentos que serão feitos, complementou. O governador lembrou ainda outras desestatizações já concluídas, como a da CEEE-D, ou em curso como a da Sulgás, a do Cais Mauá e a do serviço de saneamento.

Linhas de transmissão

A CEEE-T é responsável pela operação e manutenção de mais de 6.000 km de linhas de transmissão (5.900 km próprios) e mais de 15.700 estruturas (quase 15.300 próprias) que cobrem todo o Estado do Rio Grande do Sul com um total de 69 subestações que somam potência instalada própria de 10.513 MVA. A companhia possui a 8ª maior RAP (Receita Anual Permitida) entre as transmissoras de energia no Brasil no ciclo 2020-2021.

O processo de desestatização tem como objetivo recuperar a capacidade de investimento da empresa, que atua em um segmento de capital intensivo, citou o BNDES. A expectativa é que a troca de controle viabilize um volume de investimento da ordem de R$ 1,5 bilhão nos próximos cinco anos, contribuindo para a estabilidade do sistema de transmissão e ampliação da segurança energética na região Sul do país.

A CPFL já tem uma longa história de parceria com o Estado do Rio Grande do Sul, que agora é ampliada, declarou o presidente do Grupo CPFL, Gustavo Estrella, que também confirmou que o plano para a companhia envolve muito investimento.

O BNDES foi contratado pelo governo do Rio Grande do Sul para coordenar o processo de desestatização da empresa, e contou com o apoio técnico do Consórcio Minuano Energia, formado pelo Banco Genial, Thymos Energia e Machado Meyer, e da EY, responsável pela segunda avaliação econômico-financeira independente.

Coordenação

O diretor-presidente do Grupo CEEE, Marco Soligo, lembrou do esforço envolvido na estruturação da desestatização. Nós tivemos mais de 113 reuniões temáticas, dez reuniões de roadshow, uma audiência pública e mais de 4.400 perguntas, declarou.

O leilão desta sexta-feira é o segundo de uma companhia elétrica do Rio Grande do Sul neste ano. Em 3 de março o Grupo Equatorial Energia arrematou a Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D). A troca de controle da empresa foi concluída no dia 8 de julho. A Companhia Estadual de Geração de Energia Elétrica (CEEE-G) encontra-se na fase de aprovação dos estudos e deverá ter o edital de venda publicado no segundo semestre.

Com aumentos na conta de luz, energia solar cresce no Brasil

Fonte: TV Cultura

Os últimos dados disponibilizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que houve 142.199 novas adesões à energia solar no primeiro semestre de 2021. O número é 44,3% mais alto do que o crescimento registrado no mesmo período do ano passado.

No primeiro semestre de 2020, apenas 98.502 consumidores de energia aderiram à maneira solar de obter eletricidade. O aumento pode ser explicado pela crise hídrica, que resultou em reajustes nos preços da conta de luz.

Com a diminuição do volume de água nas usinas, o processo para a obtenção da energia elétrica fica mais caro. A alta no setor hídrico fez com que o setor solar fosse mais requisitado. Somente em São Paulo, foram 23.973 novas adesões.

Capital de Risco

Como startups conseguem dinheiro de investidores?

Endeavor, organização de fomento ao empreendedorismo, criou manual Venture capital para scale-ups; veja detalhes sobre captar aportes

Muitas scale-ups (startups que crescem pelo menos 20% ao ano por três anos consecutivos, em número de funcionários ou receita) colocam captar dinheiro com investidores como uma das condições para manter uma expansão fora da curva.

Mas o cenário do capital de risco é cada vez mais complexo. A relação entre empreendedores e fundos se tornou global: apenas o Brasil respondeu por US$ 3,5 bilhões de dólares aportados em 2020. Mas boa parte desse dinheiro está concentrado em algumas empresas, como as startups com avaliação bilionária, ou unicórnios.

Para ajudar empreendedores a negociarem melhor com fundos de venture capital e private equity, a Endeavor desenvolveu o guia Venture capital para scale-ups. A organização global de fomento ao empreendedorismo consultou mentores de sua rede para elaborar o manual, assim como contou com apoio de Ricardo Diniz, do Bank of America, e de Edson Rigonatti e Laura Constantini, do fundo de venture capital Astella Investimentos.

O InfoMoney lista abaixo os principais pontos do guia sobre a lógica do capital de risco. Também entrevista Marcelo Sato, sócio da Astella, e o empreendedor Brian Requarth, um dos fundadores do portal VivaReal e hoje investidor em startups. Requarth dedicou boa parte do seu livro mais recente, A Real Sobre Empreender, para as negociações que teve com fundos de investimento quando estava no VivaReal.

A lógica do capital de risco

O manual aponta que existe uma assimetria de informações entre fundos e empreendedores. Muitos fundadores de negócios não sabem como acessar fundos e quais critérios vão determinar a assinatura ou não do cheque. Quem participa da esteira do capital de risco faz quatro ou cinco investimentos. Já os investidores têm experiência na arte de escolher empresas e na matemática de calcular retornos, porque passam pelo processo dezenas de vezes.

Enquanto os fundos fazem centenas de delas [negociações de aporte] ao longo da sua existência, os empreendedores e empreendedoras fazem em torno de quatro, sendo que o primeiro deal é decisivo para determinar o formato dos demais, escreve Allen Taylor, diretor geral do fundo Endeavor Catalyst.

Essa é uma assimetria natural, mas tentamos repassar esse conhecimento para o ecossistema. Perguntamos a todo empreendedor se ele realmente entende os termos e condições descritos no contrato de investimento, diz Marcelo Sato, sócio da Astella, em entrevista ao Do Zero Ao Topo.

O fundo de investimentos foi criado em 2008. Fez investimentos em 40 startups ao longo de quatro fundos, 15 delas com saídas. O quarto fundo deve investir em mais 12 empresas, e o quinto fundo deve começar sua captação no último trimestre do ano.

Primeiro, os empreendedores devem entender como um fundo de capital de risco funciona. Primeiro, os gestores do fundo (general partners, GPs) levantam capital com um grupo de investidores (limited partners, LPs). Esses investidores podem ser fundos de pensão, seguradoras, bancos comerciais e de investimento, bancos públicos de desenvolvimento, fundos soberanos, fundos de fundos, family offices, universidades, fundações, corporações e até pessoas físicas.

O dinheiro captado é usado para investir em startups que tenham a tese defendida pelo fundo no momento da captação. Os fundos costumam se diferenciar em estágio da startup ou setor de preferência. Quanto mais iniciante a startup, maior o risco para gestores e investidores, mas maior o potencial múltiplo de retorno do investimento (MOIC).

Além de colocar dinheiro, os gestores do fundo devem ajudar as startups com conexões e mentorias, fatores que aumentam suas chances de sucesso. Parte dos recursos captados é reservada para follow on, ou seja, participar de rodadas de investimento futuras de algumas das startups no portfólio. Assim, o fundo aprofunda a aposta nos negócios que tenham boa performance.

Apenas algumas dessas apostas darão certo, segundo a Endeavor, a projeção feita pelos gestores dos fundos é que um terço das empresas do portfólio não vão gerar nenhum retorno financeiro. A Astella parte de uma premissa ainda mais extrema, de que metade dos investimentos não gerarão retorno. As startups bem sucedidas precisam ter um múltiplo de retorno que supere os aportes que andarem de lado ou que não derem certo, portanto.

No mercado americano, a média de retorno dos fundos de venture capital é de três vezes o capital investido até eles serem encerrados. Fundos acima da mediana retornam seis vezes. Os fundos brasileiros costumam ser montados tendo essa proposta. Estamos de olho em um retorno de seis a dez vezes, diz Sato.

Essas startups serão as que se transformarão em scale-ups e terão um evento de liquidez após alguns anos. Também conhecido como saída (exit), o evento de liquidez pode ser a venda para outra empresa ou uma oferta pública inicial de ações (IPO).

A saída costuma remunerar tanto os gestores quando os investidores do fundo de capital de risco. Mas também existem saídas quando o negócio não performa como esperado, como buy back (gestores do fundo vendem sua participação para os próprios empreendedores do negócio) e write off (gestores do fundo saem do negócio com um retorno mínimo ou sem retorno sobre o capital aportado).

Leva tempo até isso acontecer. Segundo o guia da Endeavor, é padrão que fundos de investimento tenham ciclo de vida de geralmente 10 anos, com a possibilidade de estender em até 3 anos. São quatro fases: levantar capital (até um ano), investimento (até cinco anos), follow on (até cinco anos) e extensão opcional das atividades (até três anos). A extensão serve para realizar mais follow nos ou aguardar mais saídas.

Na Astella, os dois primeiros anos são dedicados a investimentos; os três anos seguintes vão para follow on; o sexto ano é mais dedicado para acompanhamento de portfólio e geração de valor; e o oitavo ano em diante é dedicado para avaliar oportunidades de saída.

O fundo é encerrado no prazo que foi indicado, por regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Até o final do prazo, o fundo precisa vender sua participação na startup, mesmo que ela não decida se vender ou fazer um IPO.

Os gestores são remunerados de duas formas: uma taxa de administração que costuma ir de 2% a 3% ao ano sobre o capital levantado pelo fundo; e taxas de performance (carry) relacionadas ao sucesso na saída das scale-ups investidas. Essa taxa tem como padrão de mercado 20% dos rendimentos do capital aportado, e seu recolhimento ocorre apenas após a saída do investimento e a distribuição dos lucros aos LPs.

O lado do empreendedor

Brian Requarth foi cofundador do VivaReal, portal imobiliário que depois se fundiu com o Zap. Em 2020, a OLX comprou os dois sites por R$ 2,9 bilhões. Requarth foi para o outro balcão e se tornou mentor e investidor de startups. Requarth é atualmente um dos cofundadores do Latitud, movimento de fomento ao empreendedorismo na América Latina. Suas experiências foram recentemente resumidas no livro A Real Sobre Empreender.

Em entrevista ao Do Zero Ao Topo, Requarth afirma que tanto empreendedores quanto investidores devem trabalhar para diminuir a assimetria de informações entre eles. O empreendedor deve somar sua experiência com a de outros criadores de startups.

Tive um grupo de pessoas com quem falava com frequência quando estava no VivaReal. Era uma oportunidade de compartilhar práticas de forma aberta, formando uma espécie de conselho informal de especialistas. É melhor ainda quando as pessoas estão alguns passos na sua frente. Os próprios empreendedores estão reconhecendo como é importante ajudar outros, porque isso reforça suas próprias experiências.

Já o investidor deve fornecer mais informações sobre o processo de investimento aos empreendedores. Em qualquer negociação, você tem vantagem quando não compartilha toda sua perspectiva. Mas o investidor constrói uma marca mais forte e se posiciona melhor frente aos empreendedores quando divulga seus processos. Com tantos investidores no mercado e negócios valiosos, o trabalho não é mais sentar na poltrona e esperar que empreendedores venham. O investidor deve mostrar seu conhecimento e como seu ponto de vista agrega valor ao empreendedor, diz Requarth.

O empreendedor deve ver como essa gestora de recursos combina com a sua empresa. Existem fundos focados em estágio e setor, com tamanhos de cheque e porcentagens de participação preferidas. O empreendedor tem que entender que está entrevistando o investidor e pesquisar mais sobre a tese dele, e em caso de dúvida perguntar para ele e para outros empreendedores do portfólio, diz Requarth.

Uma vez que o GP investe na empresa, ele vai ficar por um longo período como sócio. Por isso, avaliar o GP é importante, considerando pontos como sua proposta de valor, exigências, cultura e setores das investidas. Nesse processo, é importante contatar empresas investidas pelo fundo para entender que valor ele agrega na jornada de crescimento e outros tópicos como cláusulas de controle. Quando for buscar investidas para conversas, é importante entender como o GP se comporta quando a empresa não vai bem, é aqui que se compreende como o GP se comporta em situações difíceis, escreve a Endeavor em seu guia.

O empreendedor também precisa entender em qual estágio o fundo de venture capital está. De acordo com a Endeavor, fundos que estão em seus primeiros anos têm menos pressão pelo retorno financeiro no curto prazo. Já nos fundos em estágios mais avançados, a tendência é que haja maior pressão por uma saída próxima, principalmente se a liquidez de outras rodadas não foi alcançada. Requarth recomenda perguntar com quanto tempo está o fundo, sua performance e se a gestora pretende levantar outro. Fundos que tiveram sucesso têm vantagem em levantar mais fundos, porque atraem outros bons empreendedores. É um ciclo virtuoso.

Outro ponto importante para o empreendedor é entender como chegar à gestora pretendida. Há uma grande dificuldade para scale-ups que buscam investimento, mas não possuem rede de relacionamento consolidada. Criar relacionamento com fundos é o primeiro passo para captar: o relacionamento com os fundos de interesse é de longo prazo, construído meses antes de começar a rodada para ganhar a confiança dos GPs e poder enviar updates com destaques da empresa, escreve a Endeavor.

A ordem de relacionamento deve ser: fundadores e diretores de scale-ups já investidas pelo fundo; referências no setor da startup, como investidores anjo; intermediários profissionais, como consultorias e boutiques do mercado financeiro; e cold call (envio de uma apresentação da startup ao e-mail do fundo, sem relacionamento construído).

Já investimos em startups que começaram o relacionamento com um e-mail, mas a maioria da nossa originação de delas vem de empreendedores em que investimos ou outros investidores. São sugestões já validadas, então há uma vantagem. Mas depois que marcamos uma conversa com o fundador, o processo é o mesmo. Entendemos a oportunidade e como o empreendedor pensa, negociamos termos e fazemos o investimento, diz Sato.

Depois do relacionamento, vem a apresentação do negócio para os gestores do fundo. De forma geral, eles costumam levar em consideração fatores como tamanho do mercado, concorrência, adoção de consumidores, estratégia de crescimento e time (fundadores e diretores). O empreendedor e empreendedora devem ter a capacidade de articular o que quer criar, escreve a Endeavor. Não basta storytelling, porém: as metas têm que ser realistas. Se as projeções são muito além da capacidade de execução do seu time e elas não forem cumpridas, você perde credibilidade perante os investidores. O capital a ser levantado tem que ser suficiente para a empresa chegar ao resultado.

Mas Requarth ressalta que negócios em estágio inicial não precisam ter tudo definido. Se o investidor em estágio inicial exige que o dinheiro esteja amarrado a uma métrica pontual, não deveria investir nesse estágio. O empreendedor pode construir uma nova tese ao aprender com seus clientes, e então as métricas mudam. É preciso ter flexibilidade.

Outro ponto ressaltado pelo cofundador do VivaReal é que o empreendedor não deve tentar tranquilizar o investidor dos riscos envolvidos. O empreendedor pode não deve falar que o empreendedor vai pelo menos recuperar o que investiu ou algo assim. Você deve dizer que existe uma grande chance de não dar certo, mas que os resultados podem ser transformadores caso dê certo. Seja franco com seus desafios, mas se mantenha otimista. Quando você tem consciência de concorrência e riscos, mostra ao investidor que não está nas nuvens com suas ideias e ganha credibilidade.

Os gestores também vão ficar de olho em alguns baldes de água fria. Primeiro, um cap table (divisão da participação entre os sócios) inadequado. Os fundadores devem chegar ao investimento série A com mais de 50% de participação na startup. Investidores comprarem boa parte logo no começo do negócio mata a empresa e torna impossível de captar futuras rodadas, diz Brian. Sato recomenda que fundadores tenham participação de 75% ao captar um aporte semente e de 60% ao captar um série A. Essa porcentagem também inclui ações que serão distribuídas a funcionários (option pool).

Se os fundadores possuem baixa participação na empresa, há pouco espaço para a diluição dessa participação a cada rodada. (…) Se o cap table estiver desequilibrado, uma saída é comprar participação dos atuais acionistas para a entrada de novos, escreve a Endeavor. Outros alertas, segundo a organização de fomento ao empreendedorismo, são um múltiplo de retorno pequeno demais para justificar a aposta e, especialmente após a rodada Série A, dados financeiros e de governança desestruturados.

O dono do negócio também deve ler atentamente o term sheet, principal instrumento legal e financeiro para reduzir a assimetria de informação entre GPs e startups. Esse documento tem termos econômicos e políticos, determinado como será a dinâmica de governança da sociedade, a relação com o investidor e a estrutura final da rodada e das próximas rodadas, especialmente em termos de controle acionário e de decisões de conselho.

No term sheet estão termos como avaliação de mercado (valuation); formação do conselho; preferência de liquidação (a ordem de recebimento do capital, no caso de um evento de liquidez ou da dissolução da sociedade); vesting (garante uma determinada participação societária, contanto que certas metas sejam alcançadas); direito de preferência (caso o fundador venda suas ações para terceiros, os acionistas atuais têm o direito de igualar o valor oferecido por terceiros e o fundador é obrigado a vender para o acionista, desde que sua oferta seja igual); antidiluição (proteção para investidores reajustarem o valor da sua participação no negócio em caso de emissão de novas ações a um preço inferior ao do investimento anterior, conhecida como down round); tag along (o direito de vender as ações, de sua propriedade, junto com as ações de outro acionista que estejam sendo vendidas pelo mesmo preço e nos mesmos termos e condições); drag along (obrigação imposta ao sócio minoritário de vender as suas ações, caso determinado percentual de acionistas decidam por vender sua parte); lock-up (determina que o empreendedor não pode vender sua participação por determinado período sem a autorização dos seus investidores); cláusulas de não competição após a saída do empreendedor da empresa; e possíveis vetos dos investidores.

Para construir relacionamento com potenciais investidores e para conseguir analisar com calma tantas condições, é recomendável estruturar a rodada com seis a 12 meses de antecedência, segundo a Endeavor. Quando há um horizonte maior de caixa, pode-se esperar mais pelo capital. Isso permite criar concorrência pelo deal e analisar os term sheets que receber dos fundos, para negociar melhor as cláusulas de governança e garantir a melhor negociação. Os cenários de novos investimentos e de saídas devem ser alinhados desde o início com todos os acionistas.

Requarth recomenda ter uma densidade de calendário, concentrando as negociações para levantar capital em poucos dias. Deve ser organizado, como uma temporada para levantar capital na Bolsa de Valores. Você fala com diversos investidores em uma semana e entende a demanda por suas ações. É importante porque você receberá vários nãos, e nada melhor do que ter outra conversa após superar a rejeição e absorver o feedback anterior.

Fonte: InfoMoney

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Acesse as edições mais recentes das publicações do mercado:

Revista Apólice: https://www.revistaapolice.com.br/2021/05/edicao-265/

Revista Cobertura:  https://www.revistacobertura.com.br/revistas/revista-cobertura/revista-cobertura-edicao-231/#2

Revista Segurador Brasil: https://issuu.com/revistaseguradorbrasil/docs/segurador_166_

Revista Seguro Total: https://revistasegurototal.com.br/2021/06/14/mercados-de-vida-e-previdencia-apresentam-crescimento/

Revista Insurance Corp: http://insurancecorp.com.br/pt/content/pdf/ic_ed35_2021.pdf

Caderno de Seguros: https://cnseg.org.br/publicacoes/revista-de-seguros-n-916.html

Revista Brasil Energia: https://editorabrasilenergia.com.br/wp-content/uploads/sites/1/flips/129726/Bia469v3/2/index.html

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CIST promove curso básico de Comércio Exterior


Clube Internacional de Seguro de Transportes (CIST), entre os dias 19 e 23 de julho, promoverá mais um curso de curta duração de 15 horas, 100% online. Desta vez, o tema será Comércio Exterior, ministrado por José Robinson Paiuca.

Mestre em Administração de Empresas na UMESP, Pós-graduado em Qualidade nas Organizações na UNINOVE, Pós-graduado em Comércio Exterior pela São Judas Tadeu, Bacharel em Comércio Exterior pela IMES e Bacharel em Administração de Empresas na UNIFEI.

Objetivo do curso é inserir o participante nos conceitos básicos do comércio exterior, dando um direcionamento para quem quer entrar na área de comércio internacional.

Conteúdo:

Introdução ao comércio exterior / Credenciamento no Portal de Comex / REI / Registro de Exportador e Importador / Habilitação no Siscomex (Registro no Radar) / Incoterms/2020 / Condições de pagamento / Classificação fiscal de mercadorias / TEC, Tipi e Naladi / Importação / Contatos internacionais / Contatos de preliminar e cotação (Fatura Pro-forma) / Portal de Comex / Siscomex Importação / Dispensa de LI / Licenciamento de Importação / Exigência de LI / Licenciamento de Importação / Câmbio na importação / Tratamentos fiscais / Custo de importação / Desembaraço aduaneiro / Registro da DI/ DUIMP no Siscomex / Vistoria aduaneira / Desembaraço aduaneiro / Exportação / Siscomex Exportação / DUE / Declaração Única de Exportação / LPCO / Licença, Permissão, Certificado e Outros Documentos / Negociação Internacional / Contatos internacionais / Fatura Pro-forma e lista de preços: Câmbio na exportação / ACC e ACE / Tratamentos fiscais: IPI, ICMS, PIS, Cofins e Drawback / Incentivos financeiros / Documentos / Despacho aduaneiro.

Serviço: Data: 19 a 23 de julho de 2021 / Horário: 19h00 às 22h00 / Investimento: R$ 300 para sócio e de R$ 400 para não sócio.

Mais informações: secretaria@cist.org.br  /  #Conhecimento e #networking qualificado

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Inscrições: ANPD - Principais Considerações Sobre o Guia Agentes de Tratamento - Sympla