Retorno das chuvas e queda no consumo devem marcar resultados de elétricas no 4º tri de 2021
18, Fev. 2022
Retorno das chuvas e queda no consumo devem marcar
resultados de elétricas no 4º tri de 2021
Por Camila Maia Fonte: MegaWhat
As chuvas dos últimos meses de 2021 devem ajudar nos
resultados das empresas de energia, segundo analistas de mercado. A melhora do
cenário hídrico atenuou a pressão do GSF sobre as hidrelétricas, ao mesmo tempo
em que levou a uma forte queda do PLD, retirando pressão sobre as geradoras com
exposição ao risco hidrológico.
A temporada de balanços do quarto trimestre do ano passado
começa no setor de energia na noite desta segunda-feira, 14 de fevereiro, com a
divulgação dos resultados da Engie e da Raízen Energia.
"Depois de uma das piores secas de toda a série
histórica, o período chuvoso começou com o pé direito e os níveis dos
reservatórios finalmente começaram a se recuperar em outubro, chegando a 48% da
capacidade em janeiro", escreveram os analistas do Itaú BBA, Marcelo Sá,
Filipe Andrade e Luiza Candiota, em relatório enviado a clientes. Segundo os
analistas, as hidrelétricas expostas ao PLD devem se beneficiar dos menores
preços no mercado de curto prazo.
O PLD médio do Sudeste/Centro-Oeste foi de R$ 135/MWh no
quarto trimestre do ano passado, 62% menor na comparação anual, mas o GSF ficou
em 33,7%, acima do déficit de 31,6% nos últimos três meses de 2020.
O JP Morgan vê um trimestre "melhor, mas não
ótimo" para as geradoras, e prevê resultados melhores para Cesp, AES
Brasil e Light por conta da melhora de cenário hídrico.
Apesar da melhora de cenário, o Itaú BBA vê a continuação
dos resultados ruins para a AES Brasil. O relatório do banco aponta que a
companhia comprou um volume significativo de energia a preços altos no primeiro
semestre do ano passado para mitigar os impactos do GSF, e o resultado
operacional deve cair na base de comparação anual, mesmo com a entrada de
projetos de geração eólica em operação.
O alerta sobre os preços dos contratos bilaterais também foi
feito pelo Credit Suisse. "Esperamos que as geradoras expostas à fonte
hídrica serão menos afetadas pelos custos de compra de energia, mas lembramos
que algumas companhias compraram energia adicional durante o ano a preços altos
para repor o portfólio", escreveram os analistas Carolina Carneiro e
Rafael Nagano.
Outro destaque em geração, segundo o Credit Suisse, é que
com o aumento das chuvas, os ventos ficam consequentemente mais fracos,
reduzindo a geração de energia pelas eólicas.
Distribuição
Enquanto a geração foi beneficiada pelas chuvas, as baixas
temperaturas acabaram influenciando na queda da demanda de energia no período.
De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o consumo de
energia recuou 1,4% no quarto trimestre de 2021 na comparação com o mesmo
período do ano anterior.
Empresas como EDP Brasil, Neoenergia, Copel e Energisa já reportaram dados operacionais de
2021 mostrando uma forte queda no volume da energia vendida, principalmente no
mercado cativo.
Ainda assim, os analistas do Credit Suisse acreditam que os
resultados do quarto trimestre serão bons para as distribuidoras, que foram
beneficiadas por ajustes positivos na Parcela B da tarifa, e pelo controle das
perdas e inadimplência.
A inflação em alta é outro ponto que ajuda nos resultados
das distribuidoras. Segundo os analistas Fernando Abdalla, Henrique Peretti e
Milena Carvalho, do JP Morgan, os ajustes tarifários no período devem
impulsionar o faturamento das companhias, assim como os ajustes na Parcela B,
que contempla gastos não gerenciáveis pelas empresas.
O nome preferido do JP Morgan, considerando o cenário geral,
é a CPFL, diante da perspectiva de que a companhia vai distribuir 100% do lucro
em dividendos.
Para o Itaú BBA, a Neoenergia é destaque, apesar da queda de
1,4% na energia total injetada na rede. O otimismo do banco é explicado pela
melhora da companhia no combate às perdas e inadimplência, e também pelo
impacto positivo do IGPM em alta na tarifa, já que algumas distribuidoras têm o
reajuste indexado ao indicador.
Transmissão
Em relação às transmissoras, os analistas esperam resultados
sem grandes novidades quando contabilizados de acordo com as normais
internacionais (IFRS), já que há poucas linhas de transmissão em construção.
Já os resultados regulatórios, considerados mais adequados
para analisar o cenário atual das companhias, devem vir positivos devido ao
início da geração de caixa de ativos que entraram em operação, segundo o Credit
Suisse.
Como as receitas das transmissoras também são atualizadas
pela inflação, os analistas esperam bons pagamentos de dividendos no período.
Taesa e Cteep, contudo, anteciparam a distribuição de dividendos ao longo do
ano passado, o que deixa o espaço para novas distribuições mais restrito, de
acordo com o Itaú BBA.
Calendário
A Engie e a Raízen Energia divulgam
seus resultados hoje e fazem teleconferências com investidores amanhã, 15 de
fevereiro, no mesmo horário, às 11h. No dia 16, é a vez das divulgações
de EDP Brasil e WEG, que fazem as teleconferências
no dia 17, às 10h e 11h, respectivamente. Na quinta-feira, 17, publicam os
resultados de 2021 as empresas Neoenergia, Aeris e Taesa.
A primeira faz a teleconferência no dia 18 às 10h, e Aeris e Taesa prestam
informações ao mercado na sequência, às 11h.
Saiba mais sobre os balanços das empresas!
A MegaWhat preparou a série Mercado
de Energia: Um Investimento de Visão, com o objetivo é entender o
que o mercado financeiro busca de informação no setor de energia, como isso
gera investimentos e novos negócios, e quais os desafios da compreensão das
suas particularidades.
A série envolveu entrevistas com gestores e analistas que
acompanham os mundos de investimentos e de energia, para quem quer entender
como investir no mercado de energia.
Assista:
MegaSérie: O que olhar em um balanço de empresa de energia
MegaSérie: O que uma gestora private equity olha no setor de
energia?
MegaSérie: O que uma gestora olha em uma empresa de energia?
MegaSérie: Como captar recursos para o setor de energia?
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Conjuntura CNseg : https://cnseg.org.br/publicacoes/conjuntura-cnseg-n63.html
Revista Insurtalks: https://www.flipsnack.com/FEDBBBDD75E/revista-insurtalks-1-2/full-view.html
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