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Previdência privada, seguros e capitalização: o que muda para o investidor com o 'open insurance'?

18, Fev. 2022

Previdência privada, seguros e capitalização: o que muda para o investidor com o 'open insurance'?

Em nova etapa do ecossistema de inovação financeira, sistema aberto de seguros busca aumentar a base de clientes e aprimorar a oferta de produtos

Por Gabriela da Cunha, Valor Investe — Rio

A essa altura do calendário do mês de fevereiro, os investidores já sabem que o open finance (veja aqui) completou seu primeiro ano. O ecossistema de inovação, organizado pelo Banco Central em consonância com as instituições financeiras bancárias e não bancárias, trouxe novidades que ainda estão em implantação. Para o grande público, as mudanças podem ser identificadas por alguns marcadores: open banking (saiba mais) e, mais recentemente, o open insurance, ou sistema aberto de seguros, que foi adicionado às discussões. O que os investidores têm a ganhar com as transformações envolvendo os produtos das seguradoras (seguros, previdência e capitalização) é o foco da vez.

As diferentes nomenclaturas - outras ainda deverão ser acrescidas, como health - trazem funcionalidades e discussões próprias, mas todas estão interligadas pelo open finance e visam padronizar em uma só plataforma a troca de informações, melhorar os serviços financeiros, e a relação dos clientes com as empresas que oferecem os produtos. Desde 15 de dezembro de 2021, 68 seguradoras, as maiores do mercado, estão fazendo o compartilhamento de dados públicos referentes a produtos e canais de atendimentos; e dividindo as informações públicas de seguros residencial, auto, pessoas, previdência e capitalização. Tudo sob a regulação e acompanhamento da Superintendência de Seguros Privados (Susep).

"Com o amadurecimento dos processos e das soluções de tecnologia previstas pelo open insurance, os clientes perceberão um ambiente promissor para as suas escolhas de investimentos e no consumo de serviços que serão disponibilizados ao longo do tempo", avalia José Paulo Vasconcellos, diretor de Planejamento, Projetos e Processos da MAG Seguros.

Na teoria, as escolhas vão se basear na mesma premissa que já foi apresentada no open finance: os clientes que desejarem poderão, na segunda fase, compartilhar seus dados para ter acesso facilitado a mais informações e então decidir o futuro de seus investimentos.(como previdência privada) e seguros.

É de olho nesse cenário de maior autonomia dos usuários que as seguradoras miram as análises para oferecer produtos mais personalizados e que estejam mais alinhados aos objetivos pessoais e de ganhos. '"A competitividade fará com que as seguradoras inovem, tragam produtos mais customizados e para diferentes perfis, além de gerar preços mais competitivos. É uma forma de democratizar o acesso ao seguro, aumentando a oferta de produtos mais personalizados para os clientes", diz Rachel Ferreira Bonel, superintendente executiva de Dados, Privacidade e Planejamento Comercial da Icatu.

Ainda é cedo para dizer quais produtos serão criados - se é que serão criados, talvez apenas sejam aprimorados. Mas o investidor mais experiente sabe que a customização no mercado da previdência é um processo que já está em curso. O surgimento de diversos fundos previdenciários são um exemplo dessa mudança. 

A Icatu, por exemplo, oferece 390 fundos, de 138 gestoras. A XP Seguradora, com pouco mais de três anos e meio de atividades, já conta com 226 produtos de previdência em seu portfólio, entre fundos de ações, multimercados, de renda fixa, entre outros. Desse total, 140 estão disponíveis para o publico em geral investir. A pergunta que fica, então, é: o que muda para quem investe nessa modalidade?

"Considerando que o cliente é o detentor dos seus dados pessoais, ele poderá buscar as opções que mais condizem com o seu perfil de investimento. Em um cenário mais competitivo, vamos precisar aprimorar e investir em novos mecanismos e política comercial para trazer e reter ainda mais os clientes em nossa carteira. Isso é bom para o mercado", pondera Rachel.

"O open insurance vai gerar uma competição em vários níveis, não só sobre aonde alocar os investimentos, mas aonde alocar a aposentadoria e toda a gama de produtos, que já é muito grande, mas que muitas vezes o cliente não conhece porque não foi apresentado. Esse novo ecossistema vai dar a oportunidade de conhecer esse leque de produtos e, talvez, buscar individualmente as ofertas contextualizadas e inteligentes", avalia Amancio Paladino, diretor de investimentos da XP Seguros.

"Estamos diante da possibilidade de triplicar o mercado e precisamos ter um arcabouço tecnológico que permita o suporte para essas transações. O open insurance é a tecnologia que vai permitir essas transações nesse volume e com mais segurança", complementa o executivo.

A janela de oportunidades para a indústria, que espera ter crescido 14% em 2021, contudo, contrasta com um apego característico verificado nessa base de clientes. Uma parcela significativa de investidores compõe a carteira de investimentos com bons ativos previdenciários sem intenção de vendê-los, visando a formação de uma poupança.

A estimativa é de que cerca de 78% dos recursos de previdência estão alocados no cenário de renda fixa. Ao mesmo tempo, a portabilidade é uma possibilidade de que mantém tendência de crescimento desde 2010, mas ainda pouco explorada: 193 mil pedidos entre os planos PGBL e VGBL foram cedidos até o último mês de outubro, de acordo a Susep.

Ainda assim, as mudanças em curso podem ajudar a aumentar a base de clientes - o mercado de previdência privada aberta soma mais de R$ 1 trilhão de reservas (o que representou 6% do Produto Interno Bruto em 2021). Porém, o movimento de venda mais agilizada dos produtos de diferentes empresas em uma única plataforma precisa vir acompanhado do entendimento do público sobre os riscos das aplicações atrelados aos produtos oferecidos pelas seguradoras

"O open insurance traz um impacto educacional. Da mesma maneira que o cliente vai se habituar a conhecer outros produtos de seguros, ele vai precisar entender e conhecer o que de fato está sendo comprado, quais são os serviços que estão atrelados ao produto e se aquela é a melhor escolha para o perfil e o momento da sua vida. Ou seja, o processo de 'suitability' avançado se torna uma questão extremamente relevante", diz Amancio Paladino.

O executivo da XP, seguradora que tem sob sua custódia R$ 30 bilhões, avalia que, ao mesmo tempo que os investidores terão maior autonomia sobre seus dados, uma nova camada de complexidade é adicionada com a maior concorrência. Mais do que nunca, as decisões não podem ser tomadas observando-se apenas a rentabilidade. "Há produtos que, de fato, são bastante complexos e exigirão uma consultoria e acompanhamento da apólice. É preciso pensar em novos riscos que podem acontecer".

"O desafio será estruturar a melhor forma de disponibilizar esses produtos nesse novo ambiente de negócios, definir, elaborar e implementar processos que permitam aos clientes qualificar as suas escolhas atendendo as características previstas para o open insurance", observa ainda José Paulo Vasconcellos, representante da MAG Seguros.

Por essas razões, a projeção de um ambiente de maior agilidade, conectividade e transparência mantém a presença de uma figura bem conhecida: o corretor de seguros. "Nenhuma tecnologia substitui a inteligência humana – ela deve ser sempre encarada como uma ferramenta facilitadora de processos, nunca como uma ferramenta excludente. Mesmo que as informações fiquem disponíveis para todas as empresas, ainda precisaremos de um contato humano para ajudar o cliente a tomar as melhores decisões dentro dessa nova economia. Nem tudo se resume a preços, afinal", sustenta Rachel Bonel, executiva da Icatu.

O calendário do open insurance é escalonado, assim como ocorreu com os bancos. A segunda fase, quando os clientes poderão compartilhar seus dados pessoais, se desejarem, está previsto para começar em setembro. Por fim, a terceira fase, que prevê a execução de serviços dentro do ecossistema finance está programada para dezembro e deve ser finalizada em junho de 2023.


Acesse as edições mais recentes das publicações do Mercado de Seguros

Revista Apólice: https://www.revistaapolice.com.br/2021/12/edicao-272/

Revista Cobertura: https://www.revistacobertura.com.br/revistas/revista-cobertura-238-2/#1

Revista Insurance Corp: http://insurancecorp.com.br/pt/content/pdf/ic_ed39_2021.pdf

Revista Segurador Brasil: https://revistaseguradorbrasil.com.br/edicao-169/

Revista Seguro Total: https://revistasegurototal.com.br/2022/02/11/trofeu-gaivota-de-ouro-2021-premia-players-que-inovaram-no-mercado-segurador/

Revista de Seguros: https://www.cnseg.org.br/publicacoes/revista-de-seguros-n-918-8A8AA8A37E8E18A1017EC49F825E169D.html

Conjuntura CNseg : https://cnseg.org.br/publicacoes/conjuntura-cnseg-n63.html

Revista Insurtalks: https://www.flipsnack.com/FEDBBBDD75E/revista-insurtalks-1-2/full-view.html


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