Guerra na Ucrânia agrava inflação e desaceleração econômica no Brasil
25, Fev. 2022
Ataque russo interrompe valorização do real e pressiona
preço de commodities
Por Eduardo Cucolo -
Folha de S.Paulo
O conflito entre Rússia e Ucrânia agrava dois problemas que
afetam a economia brasileira desde meados do ano passado: a inflação e a
desaceleração da atividade
Além disso, pode ter antecipado o movimento de
desvalorização do real que era esperado para o segundo semestre deste ano pela
proximidade do processo eleitoral.
Segundo economistas ouvidos pela Folha, mesmo que a guerra
tenha curta duração, deixará marcas que serão sentidas por consumidores,
investidores e trabalhadores, como a pressão adicional sobre os preços de
alimentos e combustíveis e o adiamento nas decisões de investimento e
contratação pelas empresas.
Nesta quinta-feira (24), a moeda americana subiu 2,01%,fechando
a sessão a R$ 5,1040. O salto ocorreu um dia depois da divisa americana ter
atingido o seu menor valor frente ao real desde o final de junho(R$ 5,0030).
A experiência histórica mostra que choques geopolíticos têm
uma duração não muito longa, mas são muito intensos em um primeiro momento,
afirma o economista Armando Castelar, pesquisador do FGV Ibre (Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
Isso provoca movimentos de corrida para ativos mais seguros
e pode deixar algum impacto mais permanente na inflação e no crescimento.
"A aversão a risco é o impacto dominante a curto prazo.
O dólar se valoriza contra outras moedas. O câmbio, que vinha caminhando em uma
boa direção [no Brasil], virou", afirma.
Castelar diz que a incerteza em relação ao conflito tende a
se reduzir, e a discussão determinante para a economia voltará a ser a questão
da pandemia.
Passado esse primeiro momento, alguns preços devem voltar a
cair, mas ele lembra que o processo de alta da inflação é mais rápido do que o
movimento de queda. Por isso, avalia que há mais um motivo para que o Banco
Central seja pressionado a elevar a taxa básica de juros dos atuais 10,75% para
pelo menos 12,75% ao ano.
Luca Mercadante, economista da Rio Bravo, afirma que o
principal impacto do conflito para o Brasil neste momento está relacionado à
alta nos preços das commodities, como petróleo e trigo
Por um lado, isso vai pressionar a inflação. Por outro, pode
haver algum impacto positivo para os exportadores desses produtos, em seus
resultados e em suas ações, por exemplo.
O barril do petróleo Brent, referência mundial para essa
mercadoria, superou a marca de US$ 105 durante o dia, maior valor desde 2014,
mas fechou abaixo dos US$ 100.
A alta dos preços dos produtos básicos é um dos fatores que
contribuíram para a queda do dólar frente ao real neste início de ano. Com o
conflito, no entanto, muitos investidores já buscam proteção em ativos de menor
risco, como títulos dos EUA, afirma Mercadante, enfraquecendo a moeda
brasileira.
"Caso esse cenário de guerra piore, a perspectiva é que
a gente veja uma migração para ativos mais seguros, e a Bolsa deve perder
alguma força."
O economista da Rio Bravo avalia que a inflação mais alta
não deve levar o Banco Central brasileiro a aumentar os juros acima dos 12,25%
ao ano esperados por grande parte dos analistas, mas afirma que a taxa pode
demorar mais a cair se a alta de preços se tornar mais persistente.
Outro risco para o país, segundo ele, é um possível
enfraquecimento da economia global, a depender, por exemplo, do impacto da
guerra nos fluxos de comércio. Uma pressão adicional na inflação nas economias
desenvolvidas também pode levar a juros mais altos no exterior.
O professor do Insper Eduardo Correia afirma que, mesmo no
cenário de uma guerra limitada e de curta duração, o conflito adia a retomada
da economia global e complica o cenário de inflação para o Brasil, duas
notícias ruins para os planos de reeleição do presidente da República.
Ele cita, por exemplo, a questão do câmbio, que poderia
ajudar a amenizar apressão sobre os preços.
"Não esperava que o dólar fosse ficar a R$ 5,00 até o
final do ano, e essa crise precipitou o cenário de desvalorização, porque todo
mundo segue para o ativo mais seguro, que é o dólar", afirma.
"Pode ser que demore ainda mais para a economia brasileira vencer esses problemas: recessão com desemprego e inflação."
Revista Apólice: https://www.revistaapolice.com.br/2021/12/edicao-272/
Revista Cobertura:
Revista Insurance Corp: http://insurancecorp.com.br/pt/content/pdf/ic_ed39_2021.pdf
Revista Segurador Brasil: https://revistaseguradorbrasil.com.br/edicao-169/
Revista Seguro Total: https://revistasegurototal.com.br/2022/02/11/trofeu-gaivota-de-ouro-2021-premia-players-que-inovaram-no-mercado-segurador/
Revista de Seguros: https://www.cnseg.org.br/publicacoes/revista-de-seguros-n-918-8A8AA8A37E8E18A1017EC49F825E169D.html
Conjuntura CNseg : https://cnseg.org.br/publicacoes/conjuntura-cnseg-n63.html
Revista Insurtalks: https://www.flipsnack.com/FEDBBBDD75E/revista-insurtalks-1-2/full-view.html
Webinário - A Importância e Benefícios no Investimento em Educação Corporativa