Mercado já prevê Selic de até 14% com disparada do petróleo
09, Mar. 2022
Cotações em forte alta por causa da guerra na Ucrânia põem
mais pressão sobre o BC, a uma semana da reunião do Copom
Por Thaís Barcellos, O Estado de S .Paulo
Sem resolver todos os estragos causados pela pandemia de
covid-19 na inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central
se reúne na semana que vem com mais bombas no colo. A disparada do petróleo e
de outras commodities no mercado internacional por conta da guerra na Ucrânia
já colocou as projeções de inflação em marcha e as discussões no governo para
amenizar o impacto nos preços de combustíveis podem ser um incômodo a mais para
o mercado, especialmente se houver implicações fiscais.
Por ora, a maioria dos economistas ouvidos pelo
Estadão/Broadcast espera que o BC opte por um aumento de 1 ponto porcentual da
Selic, de 10,75% para 11,75% ao ano, o que já seria o maior nível em cinco
anos. Para os especialistas, é mais provável que o BC estenda o aperto
monetário, com o fim do ciclo em torno de 13%, e mantenha o nível elevado por
mais tempo do que decida por uma dose mais forte neste momento, pois está
avançado no ciclo e já "jogou a tolha" da inflação de 2022. Além do
mais, a elevada incerteza sobre a duração e as consequências do conflito no
Leste Europeu recomendam cautela.
Mas os especialistas admitem que soluções para combustíveis
que aumentem o risco de deterioração fiscal jogam no sentido de mais juros. No
mercado de juros futuros, a precificação majoritária para o Copom da semana que
vem é de aumento de 1,25 ponto porcentual, a 12%, o que já seria uma desaceleração
do ritmo praticado até fevereiro, de 1,5 ponto, como sinalizou o BC na última
ata - antes da eclosão da guerra.
No Relatório Focus, a mediana para Selic no fim do ciclo e
no término de 2022 ficou em 12,25%, mas a projeção para 2023 subiu de 8% para
8,25% e para 2024, de 7,25% para 7,38%. Já para o IPCA, o índice oficial de
inflação, as medianas são de 5,65% para este ano, acima do teto da meta (5,0%),
3,51% para 2023 e 3,10% para 2024, taxas superiores ao alvo central de 3,25% e
3,00%, respectivamente.
"O petróleo já avançou 32% desde o início da guerra e o
trigo, 65%. No Brasil, ainda pode faltar fertilizantes. Então, não há dúvida do
impacto sobre a inflação. A ação do BC vai depender de quanto vai insistir em
colocar rapidamente a inflação na meta em 2023. Este ano é impossível cumprir a
meta. Se o BC está olhando para 2023, pode ir com mais calma, com uma alta de 1
ponto e depois esperar um pouco para avaliar", diz Sérgio Werlang,
assessor da presidência da FGV e ex-diretor do BC.
Para o economista-chefe da Garde Asset, Daniel Weeks, o BC
também deve aumentar a Selic em 1 ponto porcentual na semana que vem, para
11,75%. Em sua avaliação, com a mudança do cenário provocada pela guerra na
Ucrânia, o risco maior é de mais altas de 1 ponto do que de um aperto do juro
de 1,25 ponto. "Acho que faz sentido ir com cautela até para entender qual
é o tamanho do problema."
No fim do ciclo, Weeks, atualmente, projeta 12,75%, mas
admite que aumentou bastante a chance do BC ter que ir além deste patamar.
"Pode ser acima de 13%. E provavelmente vai demorar mais para cair. Pode
ser até perto de 14%. A assimetria está toda para este lado. Qual será o valor
do petróleo? US$ 120, US$ 150, US$ 200? Ninguém sabe."
O economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio
Serrano, concorda que a Selic deve subir a 11,75% este mês, até porque a
política monetária já "jogou a tolha" de 2022 e está mirando 2023,
então não precisa subir o juro tão rapidamente, embora seja necessário combater
os efeitos de segunda ordem do choque e ter cuidado com a inércia para o ano
que vem. Ele admite, contudo, que as diferentes medidas estudadas pelo governo
para amenizar a escalada dos preços do petróleo nas bombas de combustíveis
aumentam o risco de um movimento mais forte do BC este mês. "O viés é mais
juro ao longo do tempo, mas não muito mais."
Na comunicação, com tantas propostas no radar do Palácio do
Planalto - de redução de impostos, subsídios, a congelamento temporário de
preços e até decreto de calamidade -, o economista ainda espera que o BC repita
o alerta feito no último Copom, de que políticas fiscais com efeitos baixistas
sobre a inflação de curto prazo poderiam causar problemas no futuro, via
deterioração dos prêmios de risco e das expectativas.
Sobre os próximos passos, Serrano avalia que o BC deve
deixar a comunicação em aberto diante da falta de visibilidade do cenário, para
comprar tempo. Por ora, a expectativa é de duas altas de 1 ponto, encerrando o
ciclo em maio, com 12,75%. "Dada a complexidade do cenário, pode ir mais
perto de 13%, eventualmente 13,25% em junho", diz. "Depois, é uma
curva que cai mais lentamente."
Na Tendências
Consultoria, por ora, o cenário foi mantido em 12,25%, com uma alta de 1 ponto
percentual em março e outra de 0,50 ponto percentual em maio. "Mas o risco
é naturalmente para cima. O BC deve admitir um quadro de maior incerteza com os
efeitos da guerra, deixando as portas abertas para agir conforme o necessário.
Lembrando que o foco maior da política monetária já é 2023, este ano é batalha
perdida", explica o economista e sócio Silvio Campos Neto.
Já a economista-chefe
da Armor Capital, Andrea Damico, ajustou a aposta para o aumento dos juros
básicos no Copom da próxima semana de 1,00 para 1,25 ponto percentual diante da
escalada dos preços de commodities. Com a guerra e as indicações desfavoráveis
da inflação corrente, o fim do ciclo deve ser mais perto de 13% do que de 12%,
conforme sua estimativa de 12,75%.
"Não deve ir muito além disso, uma parte é choque de
oferta e já estamos com o teto da meta estourada. O BC já não brigou pelo teto
da meta deste ano. Nosso cenário de inflação era 6% antes da guerra, ir a 7% ou
7,5% não vai fazer tanta diferença, já que não cumpriria a meta mesmo. Mas o
juro vai demorar mais a cair em 2023.’’
Na segunda, Damico elevou a projeção para o IPCA em 2022 de 6,0% para 6,80%, ainda sem considerar todo o impacto da alta dos preços de commodities, e manteve 2023 em 4,0%. Para Selic, aumentou a projeção no fim de 2023, de 9,5% para 10,25%. "Segurando por mais tempo consegue combater os efeitos secundários. Mesmo que a guerra acabe amanhã, as commodities vão ceder, mas não voltam para patamar pré-guerra, principalmente as agrícolas."
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