A indústria de seguros precisa maximizar seus esforços de inovação para conseguir enfrentar riscos cibernéticos cada vez mais ameaçadores
02, Ago. 2022
Fonte: CQCS
A evolução tecnológica é um dos traços mais marcantes da
sociedade nas últimas décadas. As mudanças trazidas pela constante evolução
afetam o modelo de vida das pessoas e, é claro, o mundo dos negócios também.
Hoje, a transformação decorrente das mudanças tecnológicas
têm um forte impacto em todas as organizações e, de uma maneira bastante
intensa, na indústria de seguros.
Mudança de mentalidade
Esse avanço contínuo impacta todas as esferas do ramo
segurador e exige, por isso, o desenvolvimento de uma cultura que permita que
todos players da indústria de seguros adquira uma mentalidade de inovação
contínua para conseguir criar produtos e serviços que façam frente aos novos
riscos que surgem e evoluem tão rápido quanto a própria tecnologia.
“O essencial é invisível aos olhos”
A frase “o essencial é invisível aos olhos”, do livro “O
pequeno príncipe” _ uma das obras literárias mais famosas da História _ é
bastante citada por conter em si o ensinamento de valorizar as coisas que não
são materiais nem perceptíveis aos olhos.
O que isso tem a ver com seguros?
No contexto segurador, é exatamente assim que os produtos do
seguro precisam ser: invisíveis. O
consumidor de seguros quer que as coisas saiam conforme o planejado quando
assinou a apólice. Por exemplo, os clientes que aderem ao seguro contra roubo
do automóvel, não querem se preocupar se eles terão ou não o carro subtraído,
eles querem justamente não se preocupar com o impacto financeiro decorrente da
perda daquele Bem. O que não significa que eles querem passar pela infelicidade
de serem roubados, significa que eles pagaram o seguro para não ter nem que
pensar nisso. Ou seja, para que fique protegido, sem precisar “ver” o seguro
atuar.
E como se manter invisível em caso de sinistro?
Em caso de ocorrência de sinistro no qual o cliente precise
acionar o seguro, a seguradora deve continuar agindo de maneira tão “invisível”
quanto um remédio para qualquer infortúnio físico: a atuação do remédio no
organismo não pode ser vista pelo paciente, mas os efeitos medicamentosos são
percebidos devido à eficácia da ação. A consequência é a melhora do problema de
saúde. Assim deve ser a atuação da seguradora: invisível, porém, eficaz.
Permite grande parte da inovação no mundo
De acordo com Richard Gunn, diretor de risco da insurtech
Hyperexponential, o seguro permite
grande parte da inovação do mundo, ainda que seja um produto que precise atuar
na “invisibilidade”, conforme explicação nos parágrafos anteriores.
Ele explica que o seguro pode ser usado para resolver
externalidades que outras indústrias criam. E esclarece que esse fato é
especialmente verdadeiro quando se trata de seguros especiais: “Não há
lançamentos de foguetes sem seguro, carros sem motorista não serão possíveis
nas vias públicas sem seguro”, disse ele.
O seguro como instrumento para reduzir a incerteza
financeira e mitigar as perdas
Sabendo que o seguro é um instrumento para reduzir a
incerteza financeira e mitigar as perdas, Jimmy Spears, chefe do setor automotivo
da Tractable, disse que a chave para projetar novos produtos de seguro é
“encontrar o momento de incerteza financeira nas interações diárias de qualquer
consumidor ou empresa”. Produtos de reboque e de beira de estrada, por exemplo,
chegaram até lá através de pneus furados, falta de combustível e avarias
mecânicas. Spears disse que os produtos futuros envolverão EVs (sigla em inglês
para “electric vehicles” ou veículos elétricos, em português) ficando sem
bateria e precisando ser carregados, ou o veículo sendo levado a uma estação de
carregamento.
Os riscos evoluem e o seguro precisa acompanhar
Em 2019, um aplicativo russo chamado FaceApp, virou febre na
última semana por conseguir “envelhecer” imagens. No entanto, o Procon
notificou a empresa responsável pelo app para que ela esclarecesse para qual
finalidade usaria as informações coletadas de seus usuários. A atitude do órgão
regulador foi no sentido de proteger os dados dos usuários e também protegê-los
de algum possível golpe decorrente da posse desses dados.
Infelizmente, o risco de cair em um golpe virtual aumentou
muito nos últimos anos, já que os golpes virtuais dispararam durante a pandemia
de Covid-19. Além de ter aumentado a quantidade de golpes, eles também estão
mais sofisticados.
Assim, o mercado segurador precisa acompanhar essa evolução de riscos para projetar novos produtos, conforme disse Jimmy Spears, citado alguns trechos acima neste texto. Afinal, esse é claramente “um momento de incerteza financeira” nas interações virtuais diárias de todo consumidor.
Inovar é necessário para a sobrevivência da indústria de
seguros
Para Spears, da Tractable,não é necessário haver um conflito
de escolhas entre inovar nos mercados existentes ou apoiar mais produtos
‘coringa’. Segundo ele, apoiar novos produtos e inovar em produtos essenciais é
igual e necessário para as operadoras sobreviverem. Isso pode ser feito
investindo em novas tecnologias, como a IA.
Produtos “coringa” são um recurso vital para impulsionar a
inovação
Produtos ‘coringa’ foram definidos por Melanie Hayes,
diretora de Marketing e co-fundadora da insurtech de riscos cibernéticos KYND,
como produtos que foram projetados para auxiliar o setor de seguros por
organizações externas. Ela explicou que, no setor de seguros cibernéticos, eles
estão se tornando rapidamente um “recurso vital” para impulsionar a inovação.
“In-house como tecnologia não está no DNA das seguradoras”
Hayes continuou explicando que, à medida que as seguradoras
lutam com questões como: a capacidade para lidar com o número crescente de
aplicativos e ter que gerenciar o apetite para o risco versus o cenário de
ameaças cibernéticas em evolução, a inovação na forma de processamento mais
rápido e preciso de aplicativos, juntamente com melhores insights sobre risco,
é difícil de encontrar. Ela declarou: “In-house como tecnologia não está
necessariamente no DNA das seguradoras. Os produtos “coringa” podem preencher
essa lacuna com tecnologia poderosa, mas também simples de entender e fácil de
usar. Isso significa que as seguradoras que oferecem proteção cibernética devem
se concentrar em apoiar mais produtos coringa, pois isso impulsionará a
inovação no setor de seguros cibernéticos”.
Cenário de ameaça cibernética está em constante evolução
Hayes, da KYND, explica que: “O cenário de ameaças
cibernéticas está em constante evolução, e a taxa, o método e o estilo dos
ataques cibernéticos estão mudando com ele. O potencial para riscos novos e
emergentes é indiscutivelmente muito maior no seguro cibernético do que em
outras especialidades”, disse ela. Por isso, é importante lembrar que o seguro
cibernético é uma proteção essencial para as seguradoras.
80% das organizações sofreram ataques cibernéticos
bem-sucedidos
Um dos maiores exemplos de risco cibernético, é a crescente
ameaça do ransomware, que agora representa uma grande porcentagem dos crimes
cibernéticos cometidos, acrescentou Hayes.É relatado que 80% das organizações
do Reino Unido sofreram um ataque bem-sucedido em 2021/22. “Eventos marcantes,
como o ataque de ransomware Colonial Pipeline, que resultou em um pagamento de
US$4,4 milhões a criminosos, bem como o crescimento de ataques patrocinados
pelo Estado, forçaram a indústria a se sentar e prestar atenção”, acrescentou.
Assim, investir em seguro cibernético pode evitar um prejuízo gigantesco para
as empresas.
Maximizar esforços para inovar
Em um mercado onde quem lança o produto primeiro, já sai na
frente ou, no mínimo, na posição empresarial privilegiada de ser o precursor
daquele determinado produto ou serviço, é necessário maximizar os esforços para
inovar. Seja no lançamento de novos produtos e serviços, seja no modo de
readequar os antigos aos novos padrões de consumo.
Como disse Alan Haskins, diretor de desenvolvimento de negócios de seguros da Quantexa dos EUA: “A inovação impulsiona a competição”. E, sendo assim, nas palavras do próprio Haskins: “As seguradoras estão sempre procurando o próximo produto ou ferramenta que impulsione uma melhor experiência do consumidor ou identifique uma imagem mais clara do risco. Apoiar novas tecnologias e soluções é como o setor se manterá relevante e competitivo em um mercado de seguros rápido e em constante mudança.”
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