ALLIANZ DOBRA DE TAMANHO

Allianz dobra de tamanho e reconfigura setor de seguros no Brasil

O Infomoney relata que em uma compra que reconfigura o setor de seguros do Brasil, a Allianz chegou a um acordo para adquirir a operação de automóveis e ramos elementares da SulAmérica por R$ 3 bilhões.

Investidores da SulAmérica receberam bem a notícia e as units da companhia (SULA11) subiam 8,2% na tarde desta sexta-feira (23). Como previsto, a venda permite que a SulAmérica foque no setor de saúde, mais rentável e com maior potencial de crescimento.

Para o grupo alemão Allianz, a compra torna a companhia a segunda maior seguradora de veículos do país, com cerca de 15% do mercado - atrás apenas de Porto Seguro (27,8%), e a terceira maior no geral no país. "Foi a maior aquisição que já fizemos no país e demonstra o potencial que vemos nesse mercado", afirma Eduard Folch Rue, presidente da Allianz no Brasil.

Com a compra a Allianz passa a ter uma receita total de prêmios de R$ 6,87 bilhões, com cerca de R$ 5 bilhões relacionados ao negócio de automóveis. Para chegar a esse número, no entanto, a Allianz ainda precisa da aprovação dos órgãos reguladores em um processo que levará até 12 meses, segundo a empresa.

No segmento de seguros automotivos a Allianz já era vista como a competidora bastante agressiva, mas a baixa lucratividade sempre foi vista como um ponto de atenção. Com o segmento auto da SulAmérica, a Allianz adquire não apenas uma grande base de clientes como também uma operação em que se destacam tecnologia e inovação.

Seguros de saúde, foco da SulAmérica, tem maior potencial

A compra reconfigura o mercado de seguros no país em um momento econômico bastante propício. A retomada do emprego e, consequentemente, consumo, deve impulsionar o mercado de seguros como um todo.

De todos os segmentos, o com maior potencial é o de saúde, que deve ser o foco da SulAmérica daqui para frente. O seguro auto cresceu 6,5% em 2018 enquanto o de saúde expandiu 9,8%.

A Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) prevê o seguro auto crescendo 6,2% e 8,4% em 2019 e 2020, respectivamente. Em relação à saúde, o crescimento projetado é de 7,3% em 2019 e 9,7% em 2020 (vs XPe de 8% e 11%).

Quando a SulAmérica anunciou que havia recebido uma proposta da Allianz, no início julho, analistas destacaram que a venda da operação de automóveis poderia ser um divisor de águas para a SulAmérica.

"Além de permitir que a empresa aumente seus investimentos e concentre-se em seus negócios de saúde de maior retorno, a venda também poderia permitir uma reclassificação nos múltiplos das ações", afirmaram analistas do Bradesco em relatório.

Os analistas do banco estimam que, com a venda, as ações da SulAmérica poderiam sair do atual múltiplo de negociação de 14 vezes o seu lucro para uma negociação acima de 30 vezes o lucro. Seria um patamar similar ao de outras operadoras com o foco 100% em saúde, que tem despertado a atenção dos investidores.

A Hapvida atualmente é negociada em bolsa a 32,8 vezes o seu lucro e a Intermédica a 53 vezes, segundo dados da consultoria Economática.

"Intermédica e Hapvida são operadoras verticalizadas, que, por terem uma rede própria de hospitais e laboratórios, conseguem ser mais rentáveis. A SulAmérica precisa pagar toda a rede, mas, por estar focada no segmento mais alta renda, ela tem diferenciais importantes, que tornam o negócio único", afirma Martins.

O momento econômico também é propício para a SulAmérica focar em saúde. A retomada do emprego deve ajudar no crescimento dos planos de saúde corporativos, que representam 70% do total de vidas seguradas pela empresa.

"Nos últimos anos a SulAmérica investiu em mais de 30 iniciativas de controle de sinistros, para reduzir custos e frequência e melhorar sua rentabilidade. Ela está extremamente bem posicionada para a melhora da economia", afirma Martins.

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SulAmérica vai criar nova empresa que será incorporada pela Allianz

O Valor Online completa que a venda das operações de seguros auto e de ramos elementares para a Allianz pode significar uma entrada líquida de mais de R$ 2 bilhões para a SulAmérica, quando a operação for concluída.

“Mas dependemos para ter a exatidão desses números da conclusão da transação, que só vai ocorrer, segundo nossa previsão, em 12 meses”, afirmou Ricardo Bottas, vice-presidente de controle e de relações com investidores, em teleconferência com analistas nesta sexta-feira. SulAmérica e Allianz anunciaram hoje a transação de venda dos segmentos de auto e ramos elementares da seguradora brasileira para a alemã, por R$ 3 bilhões.

Segundo as companhias, a transação considera um patrimônio líquido de R$ 700 milhões na recém-formada companhia a ser estruturada especificamente para o propósito da venda, sujeito a mecanismos de ajustes de preço comuns em transações similares. Conforme Bottas, “não se trata de uma venda de carteiras”. A SulAmérica vai criar uma nova empresa e transferir toda a operação, incluindo ativos e passivos relacionados às áreas de auto e outros ramos elementares, para esse braço.

De acordo com o vice-presidente de RI da SulAmérica, a nova empresa vai operar dentro do organograma da companhia durante o período até a conclusão da operação, com a autorização dos órgãos reguladores, estimado em um ano. Para o CEO da SulAmérica, Gabriel Portella, “a decisão nos permite confirmar o posicionamento estratégico nos riscos que elegemos e que são sinérgicos, estamos falando de saúde e odonto, vida e previdência e gestão de investimentos”. Portela acrescenta que “essa transação traz uma liquidez e um volume [financeiro] adicional que, quando concluída, nos permitirá investir no crescimento tanto orgânico quanto inorgânico, se for uma transação interessante para a companhia”.

O CEO da SulAmérica explica que a companhia já tem feito aquisições nos últimos anos — em 2019, a seguradora incorporou a operadora de planos odontológicos Prodent por R$ 146 milhões — e continua a analisar oportunidades “que faça sentido para o negócio” dentro do novo posicionamento estratégico do grupo com foco em riscos de pessoas e gestão de recursos

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Para cortar gastos, empresas ampliam coparticipação em planos de saúde

O Globo Online destaca que, com a crise econômica, muitas empresas estão cortando ou reduzindo benefícios de funcionários com o objetivo de diminuir gastos. Esse movimento é percebido especialmente no segmento de planos de saúde. O percentual de companhias que oferecem planos com exigência de coparticipação dos trabalhadores subiu de 67% para 71% entre 2017 e 2019, segundo pesquisa da Aon Brasil.

No mesmo período, o percentual de empresas com plano de saúde que não permite o upgrade de nível subiu de 63% para 74%. O upgrade costuma ocorrer em promoções. Cargos mais altos na hierarquia, em geral, têm planos melhores, com maior cobertura, por exemplo, embora esses funcionários costumem ter seus salários descontados para ter acesso ao benefício.

- Sabemos que esse benefício (o plano de saúde) é um grande vilão de custo. É a segunda despesa para uma companhia, depois da folha de pagamento. É importante a empresa manter a qualidade do serviço, mesmo com essas restrições - afirma Rafaella Matioli, diretora de Consultoria de Saúde e Benefícios da Aon Brasil.

Para a Federação Nacional de Saúde Complementar (Fenasaúde), que reúne as maiores operadoras do setor, a coparticipação permite o uso consciente do plano de saúde por parte do trabalhador, evitando o desperdício e assim, a melhor utilização do plano.

"Neste modelo, o consumidor tem uma mensalidade reduzida e paga parte do custo dos procedimentos realizados. Isso pode estimular novas e mais acessíveis formas de contratação, beneficiando todos os consumidores", afirma a Fenasaúde em nota.

A pesquisa também mostra que caiu 11% o número de empresas que oferecem planos com duas operadoras. Mesmo com o aumento de restrições aos colaboradores, em dois anos houve um aumento de 22% na quantidade de companhias que optam por gestão de saúde como benefício.

No Rio, de acordo com o levantamento da Aon, 40% das empresas oferecem gestão de saúde e 78% não permitem o upgrade de nível no plano, acima dos números nacionais. E 61% das empresas têm coparticipação.

O levantamento analisou 640 empresas de todo o país, onde 37% delas têm até 500 colaboradores, 15% entre 500 e mil funcionários e 23% de mil a 3 mil profissionais.

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