Cyber Risks no Tesouro Estadunidense
14, Dez. 2020
Tesouro dos EUA sofre ataque de hackers apoiados por
governo estrangeiro
O governo Trump informou que está tomando medidas para
identificar os responsáveis. Especialistas acreditam que a invasão possa ter
sido apoiada pelo governo russo.
Fonte: G1 / Reuters
O governo Trump reconheceu neste domingo (13) que um
grupo de hackers, supostamente apoiado pelo governo russo, de acordo com
especialistas federais e privados - invadiram redes do Departamento do Tesouro
e a Administração Nacional de Telecomunicações e Informações do Departamento de
Comércio.
O governo teme que o ataque tenha atingindo outros
setores governamentais.
Segundo informações do jornal New York Times, uma série
de investigações estão em andamento para determinar se outras partes do governo
sofreram ataque.
Em coletiva de imprensa, John Ullyot, o porta-voz do
Conselho de Segurança Nacional, informou que está tomando medidas para
identificar e remediar quaisquer possíveis problemas relacionados a esta
situação.
De acordo com a Reuters, um funcionário do governo
informou que ainda não é possível dizer o quão prejudiciais foram os ataques
recentes e quanto material foi perdido. O Conselho de Segurança Nacional teria
se reunido no sábado (12) na Casa Branca para tratar sobre o assunto.
Segundo a Reuters, os e-mails da equipe do Departamento
de Comércio foram monitorados pelos hackers durante meses.
Economistas debatem os desafios da retomada do emprego
Fonte: CNseg / Sonho Seguro
Emprego e renda, duas variáveis afetadas pela pandemia e
estratégicas para o setor de seguros, precisam recuperar a trajetória positiva.
Quais os caminhos para os severos danos produzidos? A convite da Revista de
Seguros, três especialistas refletem sobre o tema: os economistas Marcos
Hecksher (Ipea), Hélio Zylberstajn(USP) e Sérgio Vale (MB Associados).
É preciso criar um ambiente convidativo para o
investimento privado. E, se isso acontecer, teremos décadas de intenso
crescimento, puxado pela infraestrutura, assinala Hélio Zylberstajn.
A retomada do crescimento, portanto, é única saída para a
crise do emprego e renda. Grave e desigual. É a primeira vez nos últimos trinta
anos que a maioria das mulheres está fora da força de trabalho. Algumas das
ocupações e atividades mais afetadas têm predominância feminina, destaca Marcos
Hecksher Ipea.
Com medo do cenário, os brasileiros relacionam-se com os
hábitos de consumo em dias de enormes incertezas. Dizem que o brasileiro está
poupando mais e que sobrará dinheiro para consumir. Mas muitos estão poupando
até como efeito do desemprego, pelo receio do que vem pela frente, concorda
Sérgio Vale.
Na entrevista da Revista de Seguros nº 914, disponível no
portal da CNseg, os números demonstram o tamanho do desafio: a pandemia trouxe mais de 13 milhões de
desempregados. A taxa de desocupação subiu para 13,8% no trimestre encerrado em
julho, contra 11,8% no mesmo período de 2019. De acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trata-se da maior taxa da série
histórica, iniciada em 2012.
Zurich compra carteira de auto e residência da MetLife
nos EUA por US$ 3,94 bilhões
Fonte: Reuters
A Zurich Insurance concordou em comprar os negócios de
seguros patrimoniais da MetLife nos EUA por US$ 3,94 bilhões, disseram as
seguradoras nesta sexta-feira, depois que a pandemia COVID-19 tornou as
seguradoras de automóveis e residências mais lucrativas.
As seguradoras de automóveis e residências tiveram uma sorte
inesperada, pois as restrições do governo para conter a propagação da infecção
reduziram o número de pedidos de indenização por acidentes e roubos. As
seguradoras, como a Zurich, por outro lado, têm enfrentado reclamações pesadas
de cancelamento de eventos e lucros cessantes, com taxas de prêmio em alta.
É uma aquisição que complementa muito bem o que vemos no
lado comercial, onde o mercado está endurecendo, disse o CEO da Zurich, Mario
Greco, em uma teleconferência para a mídia. A seguradora suíça contribuirá com
US$ 2,43 bilhões para o negócio por meio de sua unidade Farmers Group Inc
(FGI), enquanto a Farmers Exchanges contribuirá com US$ 1,51 bilhão.
O negócio dará a Farmers Exchanges, para a qual a FGI
fornece certos serviços administrativos e de gestão, uma presença nacional nos
Estados Unidos e acesso a novos canais de distribuição, disse Zurich. Isso
também ajudará a Zurich a cumprir suas metas de crescimento para 2022.
O diretor financeiro George Quinn disse que as metas da
seguradora não dependiam de aquisições, mas podem acelerar o que estamos
procurando alcançar. O presidente e CEO da MetLife, Michel Khalaf, disse que a
venda permitiria à seguradora de vida se concentrar em nossos principais pontos
fortes.
O negócio é o mais recente do setor. A Tryg da Dinamarca
e a Intact Financial do Canadá estão comprando a seguradora imobiliária
britânica RSA, e a Sampo da Finlândia e a Rand Merchant Investment da África do
Sul estão comprando a Hastings da Grã-Bretanha.
Os analistas da KBW consideraram a transação um grande
negócio estratégico, mas reiteraram sua classificação de desempenho inferior
para as ações. O negócio da MetLife a ser adquirido inclui 2,4 milhões de
apólices, US$ 3,6 bilhões de prêmios emitidos líquidos em 2019 e 3.500
funcionários.
A Zurich disse que queria financiar a parte da FGI no
negócio por meio de uma combinação aproximadamente igual de recursos internos e
dívida híbrida. A conclusão da transação está sujeita a aprovações regulatórias
e está prevista para ocorrer no segundo trimestre de 2021.
Caixa deve ficar com a gestão do seguro DPVAT
O governo prepara uma medida provisória (MP) para
permitir a contratação direta do banco estatal pela Susep, diz jornal
Fonte: O Globo
A gestão do seguro que donos de veículos são obrigados a
pagar anualmente para garantir recursos para indenizar vítimas de acidentes de
trânsito, o DPVAT, deve ficar nas mãos da Caixa Econômica Federal. O governo
prepara uma medida provisória (MP) para permitir a contratação direta do banco
estatal pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).
A ideia de deixar a gestão do DPVAT com a Caixa partiu da
própria Susep. O banco público deve ficar responsável pela gestão dos recursos
do seguro e o pagamento das indenizações.
E necessário uma decisão urgente sobre o assunto por
conta da extinção do consórcio de empresas que administravam o seguro, que
ocorreu no mês passado, após a Líder - uma das seguradoras que integravam o
grupo ter sido notificada pela Susep a devolver R$ 2,2 bilhões referentes a
despesas irregulares pagas com recursos públicos do seguro, no período de 2008
a 2020.
O presidente Jair Bolsonaro tentou extinguir o DPVAT por
meio de uma MP em novembro de 2019, mas a medida foi suspensa pelo Supremo
Tribunal Federal (STF). Após a decisão, a Susep reduziu o valor do seguro para
2020 em mais de 60%.
Neste ano, proprietários de carro de passeio e táxi
pagaram R$ 5,21 pelo seguro - redução de 68% - enquanto proprietários de motos
pagaram R$ 12,25, uma queda de 86%.
A extinção do consórcio de seguradoras passa a valer a
partir de l 9 de janeiro do ano que vem, quando a Caixa assumirá a gestão do
DPVAT.
A decisão de entregar a gestão para a Caixa foi tomada
considerando a presença do banco em todo o país, a capilaridade e a estrutura
da instituição financeira.
Ainda há cerca de R$ 7 bilhões na conta do DPVAT, de
acordo com fontes que acompanham o assunto. A intenção da Susep é usar esse
dinheiro para reduzir o valor do seguro obrigatório a zero pelos próximos dois
anos, mas mantendo o pagamento das indenizações por meio do banco estatal.
Técnicos da equipe econômica esperam que o fim do
consórcio abra a discussão sobre a extinção do próprio DPVAT no formato atual.
Para membros do Ministério da Economia, o seguro obrigatório é gerido em
esquema de monopólio e é pouco eficiente, com recursos sendo usados para fins
diversos do objetivo original.
A Susep decidiu pedir a devolução de dinheiro do
consórcio que administrava o DPVAT depois que detectou que parte do dinheiro
arrecadado estava sendo usado para o pagamento de de multas (judiciais ou
administrativas), festas de fim de ano, viagens, hospedagens e consultoria
sobre oportunidades de negócios no mercado, entre outras situações.
A superintendência acredita que ao transferir a gestão
para a Caixa, estará evitando esses problemas.
O arrastão na Cracolândia e os prejuízos causados aos
veículos
Fonte: CQCS
Dependendo da seguradora, os danos causados aos veículos
segurados, motoristas e passageiros durante o arrastão na região conhecida como
Cracolândia, no centro de São Paulo, nesta terça-feira (08), podem não ser
indenizados. Os arrastões que resultam em carros incendiados e danificados
criminosamente por traficantes de drogas e usuários podem ser interpretados por
algumas seguradoras como riscos excluídos de pagamento de indenização do seguro
de automóvel, alerta o corretor de seguros e advogado Dorival Alves de Sousa, vice-presidente de
Marketing da Fenacor e diretor do Sincor-DF, para que em casos assim, o arrastão
pode ser interpretado como sendo um assalto coletivo.
No entanto, ele avalia que não há como as seguradoras
negarem a cobertura neste caso, principalmente pelo reflexo social diante dos
relatos das vítimas.
Apesar disso, conceitualmente, ele comenta que seria
preciso interpretar ao pé da letra a aplicabilidade das cláusulas das Condições
Gerais do seguro automóvel uma vez que na Cobertura Básica, a garantia para a
Cobertura Compreensiva conhecida popularmente como seguro total, contempla como
riscos cobertos os Atos Danosos, praticados por terceiros.
Mas, diante do contido na cláusula de Exclusão deparamos
com os prejuízos não indenizáveis pela seguradora, quais sejam, os decorrentes
de quaisquer perturbações da ordem pública, tais como tumultos, motins, greves
de empregados, paralisações de empregadores, entre outros e, algumas
seguradoras, por entenderem que tais arrastões podem ser pontuais ou não e após
análise de cada caso isolado, podem negarem cobertura para os veículos
segurados que foram danificados diante dos ataques dos usuários e traficantes
de drogas.
O entendimento básico e de boa fé seria de que se trata
de atos danosos, praticados por terceiros, conforme contido nas condições
gerais do seguro do seguro automóvel quando da contratação da garantia
compreensiva, conhecida popularmente como seguro total, acrescenta o corretor e
advogado.
O Dr. Dorival ressalta, contudo, que diante de se tratar
de um fato com repercussão internacional a expectativa do mercado de seguros e
da própria sociedade é que todos os veículos segurados e danificados e que os
seus proprietários tenham contratado a garantia compreensiva, os prejuízos
sejam indenizados.
Após listar alguns tipos de prejuízos não indenizáveis
pelas seguradoras no contrato de seguro de automóvel, incluindo perturbações da
ordem pública, atos de vandalismo, discussões, brigas e agressões físicas,
Dorival Alves de Sousa destaca que, no caso do arrastão na Cracolândia, o
pagamento da indenização do seguro somente será concretizado para os segurados
que tenham contratado o seguro automóvel com a cobertura compreensiva, colisão,
incêndio e roubo.
Para os proprietários de veículos que não contrataram uma
apólice de seguro a sugestão é recorrer ao poder judiciário e ajuizar uma ação
em desfavor da Prefeitura de São Paulo.
Energia elétrica
Ministro do STJ mantém obras para viabilizar
transferência de energia elétrica no PR
Pedido foi feito pela União, Estado do Paraná e uma
empresa do ramo de transmissão de energia.
O ministro Humberto Martins, do STJ, decidiu manter obras
de empreendimento que visa sanar a deficiência de abastecimento de energia no
Paraná. O pedido foi feito pela União, Estado do Paraná e uma empresa do ramo
de transmissão de energia, contra decisão que determinou a paralização das
obras.
Em 2013, o poder Público Federal constatou que o Estado
do Paraná apresentava problemas de tensão relacionados à deficiência de
instalações voltadas a viabilizar o escoamento (transferência) de energia
elétrica.
A empresa vencedora da licitação para as obras, a empresa
Gralha Azul Transmissão de Energia, deu início às construções em setembro de
2019, mas teve de parar o trabalho em razão de decisão do juízo da 11ª vara
Federal de Curitiba, que determinou que a concessionária se abstivesse de
adotar qualquer medida tendente à supressão vegetal em razão de supostas
irregularidades no processo de licenciamento ambiental.
As partes contestaram a decisão ao STJ, sustentando que
os empreendimentos foram devidamente autorizados pelo órgão ambiental estadual
e demais entidades intervenientes, não existindo quaisquer elementos, sequer
indiciários, aptos a indicar que houve qualquer irregularidade nos processos
administrativos de licenciamento ambiental.
Ao analisar o caso, o ministro presidente Humberto
Martins considerou que estaria caracterizada a lesão à ordem pública na medida
em que o Judiciário altera as regras de um setor altamente marcado por
rigorosos critérios técnicos, sem possuir a legitimidade atribuída ao órgão regulador.
O longo caminho percorrido pelas instituições públicas
envolvidas, com sua expertise no setor elétrico e no setor ambiental, até
chegar à solução desenhada, não pode ser substituído pelo juízo sumário próprio
das decisões tutelares, sob pena de causar embaraço desproporcional ao
exercício estável da atividade administrativa, com possível ocorrência de
efeito multiplicador que leva a um perigoso desequilíbrio sistêmico do setor.
Para o ministro, o Ibama analisou o projeto e chegou à
conclusão técnica da desnecessidade de sua atuação, não podendo, portanto, o
Judiciário substituir-se à decisão técnico-administrativa autônoma e
independente da autarquia Federal.
Assim, deferiu o pedido para sustar os efeitos da decisão
do TRF-4.
O advogado atuante no caso, Rafael Carneiro, do Carneiros
e Dipp Advogados, comentou a decisão. Para ele, permite a retomada de
empreendimento prioritário para a matriz energética brasileira em tempos de
apagão.
A empresa conta com todas as licenças ambientais
necessárias, além da anuência de todos os demais órgãos competentes. As
licenças foram emitidas após um processo que durou cerca de dois anos, com
participação ampla de órgãos técnicos e da sociedade. A liminar criou um
conflito inexistente entre órgãos administrativos, suspendeu obras em estágio
avançado sem qualquer fato novo e ainda por cima não indicou qualquer dano que
justificasse a medida, resultando em atraso de obras e demissões.
Processo: SLS 2.853
Fonte: Migalhas
Avaliação Patrimonial & Análise do Risco
A arte de avaliar um clube de futebol e os segredos do
valuation
No futebol, virou moda vermos relatórios de valuation de
clubes. Mas esses processos são muito mais complexos do que simplesmente criar
uma regra e aplicá-la a todo mundo, especialmente no futebol.
Na década de 1990, Silvio Santos usava um bordão no
programa dominical Show de Calouros para animar a plateia, repetindo-o
insistentemente: Quanto vale o show?, dizia o mito da TV, dando início às
avaliações de jurados tão míticos quanto o apresentador.
Assim como as avaliações de Pedro de Lara, Décio
Piccinini e Aracy de Almeida poderiam ser completamente diferentes, no mundo
dos negócios temos uma espécie de show de calouros recorrente, que são as
avaliações de negócios, o famoso valuation.
Seja para construir um processo de fusão ou aquisição
entre empresas, seja para apontar quanto deveria valer uma determinada ação em
bolsa de valores, ou até para atribuir valor a uma startup que está buscando
investidores, tudo passa por um punhado de análises para dizer quanto vale aquele
show, digo, aquela empresa.
No futebol nosso de cada dia, virou moda vermos
relatórios de valuation de clubes, como uma tentativa de se antecipar a um
possível boom de negócios envolvendo a transformação de clubes em empresas.
Sem querer ensinar a oração ao vigário, processos de
valuation são muito mais complexos do que simplesmente criar uma regra e
aplicá-la a todo mundo, especialmente no futebol.
Primeiramente, precisamos aceitar uma realidade: não
existe modelo único de valuation, nem para o setor corporativo, e muito menos
para o futebol. Aliás, no futebol existe um grande debate sobre o modelo de
valuation, e ele está longe de ser encerrado.
Um paper de Tom Markham, da Universidade de Reading,
chamado What is the optimal method to value a football club?, traz uma enorme
contribuição ao debate.
O artigo aponta os diversos modelos existentes,
aplicando-os aos clubes da Premier League e chega a resultados muito diversos,
que mostram o tamanho do desafio que é avaliar um clube de futebol.
Outro paper que contribui para esta discussão é a tese de
Thomas Boccanegra, da Universidade Ca’ Foscari de Veneza, chamado Sports
Business: la valutazione delle società di calcio professionistiche, em que o
autor também aponta diversos métodos de avaliação, contrapondo-os e concluindo
que não há modelo único e perfeito.
O que isto significa? Isto quer dizer que toda vez que
você se deparar com um estudo apontando um valor de mercado a partir de um
modelo específico ele será apenas uma indicação, quase uma curiosidade, e nada
além disso.
A avaliação de valor de um clube de futebol demanda uma
composição de itens que precisam ser corretamente calibrados. Ainda assim,
isoladamente eles não garantem o melhor resultado.
Primeiro, resumindo os principais modelos de valuation,
temos:
DCF (Discounted Cash Flow), ou Fluxo de Caixa Descontado:
é o modelo mais tradicional de avaliação de empresas. Ele considera que você
projetará os fluxos de caixas futuros e trará seu resultado a valor presente
por meio de uma taxa de desconto (WACC), que é o custo médio do capital.
Múltiplos: a partir de vários negócios e avaliações
chega-se a um múltiplo que, aplicado à receita, representa o valor do clube. No
caso do futebol, ele é aplicado às receitas, porque grande parte dos clubes não
tem EBITDA (geração de caixa) positiva.
Valor de Liquidação: para clubes em situação falimentar.
Trata-se de somar os ativos e reduzir os passivos, de forma simples e direta,
pois o fluxo de caixa já não existe mais.
Modelo Múltiplo: é aquele que combina aspectos de todos
os demais. Por exemplo, Tom Markham desenvolveu um modelo que combina receitas,
ativos, lucro líquido, capacidade do estádio e custo com pessoal. É uma
tentativa.
No paper de Markham, ele apresenta alguns resultados que
evidenciam as discrepâncias:
As diferenças chegam a ser de 3 vezes entre os extremos,
e na média é de 2,2 vezes. Ou seja, a depender do modelo o valor pode ser
completamente diferente.
No paper, há uma menção ao modelo que a revista Forbes
faz, mas optei por não considerá-lo pois trata-se de uma soma de imperfeições, que
consideram aspectos não financeiros, como um valor de marca e especialmente
valores dos estádios.
Há casos em que a revisão incluiu um estádio sem ele ser
do clube, assim como não considera as dívidas, como no caso da Neo Química
Arena. Infelizmente há quem dê atenção.
Análise e Recomendações
Algumas coisas parecem funcionar bem, enquanto outras são
apenas tentativas sem sentido. A verdade é que existem algumas regras que
precisam ser respeitadas ainda antes de fazer um valuation:
Nunca use um modelo único. Especialmente num mercado que
ainda nem existe, como o do futebol, utilizar mais de um modelo é importante
para testar a consistência das avaliações.
Cuidado com a qualidade da informação. Há uma expressão
conhecida para quem trabalha com modelos que é Garbage in, garbage out, ou
seja, se entra lixo, sai lixo. O melhor e mais preciso modelo só funcionará se
as informações que forem utilizadas forem corretas. A análise preliminar é,
portanto, fundamental.
Cuidado com a dupla contagem. Há um risco na construção
de modelos híbridos (os multimodelos) ao se contar duas vezes algumas receitas.
No modelo de Markham, por exemplo, utilizar a capacidade do estádio e o total
de receitas pode significar estar dando peso adicional ao matchday, enquanto
usar lucro, receitas e custos salariais pode indicar redundância. Modelos
precisam ser equilibrados, ainda que precisem de testes de consistência.
Evite a inovação inócua. Os modelos precisam de elementos
exclusivos de cada setor. E cada vez mais é fundamental usar informações que
estejam fora dos elementos tradicionais. Mas cuidado, porque invenções custam
caro e podem incorrer no tema anterior da dupla contagem.
Usar valor do elenco e valor da marca pode ser legal para
dizer que o modelo é completo, mas tende a ser inócuo, à medida que comprar um
clube não se trata de custo de reposição. Não existe a possibilidade de comprar
um clube ou montar um do zero, mas sim de comprar o clube A ou o clube B, e os
elencos têm prazo, medidos em tempo remanescente de contrato, e ninguém vai
vender 100% do elenco.
Ou mesmo a questão do valor da marca. Afinal, este valor
já está dado em diversos aspectos econômico-financeiros, como receitas de TV,
bilheteria, marketing. São receitas associadas ao tamanho da torcida e à
capacidade que a atual gestão tem de transformar a marca e sua relação com os
torcedores em dinheiro.
Nem entro no fato de que as análises precisam ser feitas
a partir de dados efetivos, uma avaliação destacada de cada clube. Análises em
lote costumam ignorar que cada clube é um clube, que cada clube possui um valor
e um potencial diferente do outro.
O que vale para o Brasil?
Precisamos desenvolver um modelo eficiente que seja
referência. Nesse sentido, as possibilidades que vêm sendo aplicadas são
válidas enquanto curiosidade, mas precisam ser tratadas de forma mais
cuidadosa, à medida em que acabam gerando distorções de mercado. Pois quem vê o
número seco passa a ter uma referência.
Um modelo referência deveria ser multimodelo e estar
baseado no DCF adaptado. E por que adaptado?
Por conta das características intrínsecas à indústria do
futebol brasileiro:
a) dependência de receitas não recorrentes e dificuldade
em projetar as receitas variáveis: muitos clubes possuem EBITDA recorrente
negativo que é coberto por venda de atletas. Além disso, diferentemente de
indústrias tradicionais, no futebol a receita não é uma questão de quantidade x
preço, mas de desempenho, que aumenta premiações e presença de público no
estádio.
b) Futebol não é uma atividade para se ter lucro enquanto
teoria de retorno do capital investido. Cada real que se tira do clube
significa menos competitividade na temporada seguinte.
c) Não dá para usar valor de atletas sem conhecer o valor
efetivo. O avlor de negociação de um atleta é sua multa contratual. Logo,
primeiro passo é conhecer o valor real que o elenco vendido pode gerar. Depois,
analisá-lo em relação ao prazo de contrato. Por fim, atleta vendido é elenco
fragilizado, e a venda tem que ser feita com parcimônia e não acontece o tempo
todo. Logo, o valor do elenco no tempo está associado ao histórico de vendas
que o clube consegue fazer, e não ao valor do elenco que um terceiro indica.
d) Não dá para usar valor do estádio ou de outros ativos.
O clube não vai vender esses ativos, exceto se estiverem fora da operação. E,
de novo, não é uma questão de reposição, pois se um clube vai começar do zero,
ele não precisa de um estádio enorme. Além do que, como vimos no caso da
renegociação da dívida da Neo Química Arena entre Corinthians e Caixa, ativos
como estádios não tem valor comercial, pois só servem ao clube. Servem sim para
agregar receita, desempenho esportivo, e só.
e) Valor de marca também tem que ser avaliado sob a
capacidade que a marca tem de fazer receitas. O potencial de receitas está
atrelado à marca e ao tamanho da torcida, mas essencialmente à capacidade de
gestão desses dois fatores em conjunto com a gestão esportiva. No Brasil,
consumo de clube está associado a resultados, exceto em casos específicos, que
já estão presentes nas receitas de sócio torcedor, de direitos de pay-per-view,
marketing.
f) De qualquer forma, avaliar potencial de marca,
torcida, engajamento, estrutura operacional é parte do modelo híbrido, mas não
parece razoável ser o mais relevante em nenhum clube. Afinal, ou a gestão atual
é capaz de extrair o melhor disso tudo e já contemplar nas receitas, ou então
este hidden value precisa ser desenvolvido, e consequentemente vira ganho de
quem mudou as estruturas e maximizou o potencial do clube. Ou seja, fluxo de
caixa futuro.
No final, nunca dá para cravar que o show vale 10 paus,
mas sempre que ele vale entre 5 e 15 paus se chega ao momento mais bacana e
tenso nesses processos, que é a negociação entre as partes.
Porque o show tem valor, mas é preciso girar os pratos, agradar os jurados e só depois passar no caixa.
Fonte: InfoMoney
Caso Vale X Brumadinho volta a discussão entre os
parlamentares
A comissão externa da Câmara dos Deputados criada para
acompanhar as negociações entre a mineradora Vale e o governo de Minas Gerais,
acerca do desastre provocado pelo rompimento de uma barragem em Brumadinho
(MG), promove nesta segunda-feira reunião virtual com todos os órgãos
envolvidos no caso. O encontro será às 14 horas, no plenário 7.
O relator da Comissão Externa da Câmara dos Deputados que
acompanha a negociação entre a mineradora Vale e o governo mineiro para
pagamento de indenizações às vítimas da tragédia de Brumadinho, deputado
Rogério Correia (PT-MG), se reuniu em 27 de novembro com a procuradora-chefe do
Ministério Público Federal de Minas Gerais, Silmara Cristina Goulart, e com o
procurador Eduardo Henrique Soares para debater os rumos da negociação.
A Vale chegou a fazer uma contraproposta de R$ 16
bilhões, valor bem abaixo do estabelecido pelo Ministério Público, a Defensoria
Pública e o governo do estado de Minas Gerais. O governo de Minas apresentou
uma conta de R$ 26 bilhões que seria o ressarcimento material para recuperação
do rio, e também para aquilo que o governo gastou a mais, e o MP avaliou um
ressarcimento moral e para as pessoas atingidas de maneira geral um
ressarcimento de R$ 28 bilhões. O total seria de R$ 54 bilhões. Este valor foi
apresentado à Vale e transformado em ação judicial, disse.
Termos do acordo
Rogério Correia informou que o plano de trabalho da
comissão inclui reuniões e audiências públicas para debater os termos do acordo
com os atingidos e com especialistas em recuperação judicial. Os deputados da
comissão também querem obter um diagnóstico dos órgãos de licenciamento
ambiental e fazer um levantamento das proposições legislativas ligadas ao tema.
É um absurdo uma empresa como a Vale, uma das maiores
mineradoras do mundo, que foi privatizada com uma mamata, por R$ 3,8 bilhões, e
entregaram de graça para esses acionistas que recebem bilhões de lucro todo
ano. Uma empresa como a Vale que ganhou de graça uma empresa estatal poderosa e
ficar pechinchando depois de dois crimes que cometeu, a Justiça devia ser
célere nisso, observou.
Fonte: Monitor Mercantil
Acessem as edições mais recentes das Revistas do Setor de Seguros:
https://www.revistaapolice.com.br/2020/11/edicao-260/
https://www.revistacobertura.com.br/revista/revista-cobertura-226/
https://revistaseguradorbrasil.com.br/edicao-162/
http://insurancecorp.com.br/pt/content/pdf/ic_ed32_2020.pdf
http://cadernosdeseguro.funenseg.org.br/secoes.php?edicao=197
https://revistasegurototal.com.br/wp-content/uploads/2020/10/212web.pdf
Tweet to @abgr_brasil Tweet