Mercado de Seguros: Brasil na Dianteira
08, Set. 2021
Brasil lidera ranking de arrecadação de seguros na
América Latina com 43,96% de participação
Estudo da FIDES revela que o desempenho do setor
segurador em 18 países representou 3,1% do PIB da região em 2020
Fonte: CNseg / Sonho Seguro
O setor segurador emitiu US$ 127,7 bilhões em prêmios na
América Latina em 2020, segundo estudo realizado pela instituição Latino
Insurance Online, a pedido do Conselho da Presidência da Federación
Interamericana de Empresas de Seguros (FIDES), do qual Marcio Coriolano é
Presidente da Comissão Regional Sul. Realizado em 18 países latino-americanos,
esse desempenho foi 16% menor em comparação ao ano anterior.
Do total arrecadado, o Brasil teve 43,96% de
participação, um pouco mais que o dobro do México, com 21,79%. Em terceiro
lugar, ficou a Argentina, com 7,86% de arrecadação, seguida de perto pelo
Chile, com 7,81%, enquanto a Colômbia respondeu por 6,52%.
O estudo apontou também que a arrecadação do setor
segurador representou 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) da região no ano
passado, resultado igual ao de 2019. Na comparação dos prêmios emitidos x PIB
de cada país, o Brasil liderou o ranking, com 3,95% de coeficiente de
penetração, quase empatado com o Chile (3,93%), seguido pelo Panamá (3,16%) e
Colômbia (3,10%).
A arrecadação do seguro de vida representou 65% do total
com relação aos outros ramos, mantendo a média aproximada dos anos anteriores.
Nessa comparação, o Brasil é o primeiro do ranking, com arrecadação de 76%,
único país que ficou acima da média da região.
O estudo foi feito com base nos dados informados pelos
órgãos reguladores de cada país e setor. O material não considera os Títulos de
Capitalização e, em Saúde Suplementar, só contempla as seguradoras (excluindo as
outras modalidades de operadoras).
A respeito do estudo, o presidente da Comissão Regional
Sul, Marcio Coriolano, disse que como os valores constam em dólares, a formação
da taxa de câmbio dos diferentes países pode trazer a necessidade de cálculo
dos valores nominais para avaliação do crescimento comparativo, o que é
possível pelas notas metodológicas que acompanham o levantamento.
O admirável mundo novo das insurtechs
Risco não é uma preocupação do dia a dia. Logo, a maioria
das pessoas não se preocupa em contratar um seguro para proteger sua vida ou
seu patrimônio. Normalmente, o corretor de seguros é o profissional que orienta
e lembra os clientes, uma vez por ano, da necessidade de se envolverem com sua
apólice de seguro para renovar suas coberturas.
Contudo, observamos uma grande transformação no setor de
seguros que está apenas começando. O ritmo de adoção de novas tecnologias
aumenta exponencialmente. Este enorme mercado que movimenta no Brasil cerca de
R$ 500 bilhões por ano está rapidamente abraçando novas tecnologias e novos
modelos de negócios, trazendo clientes e milhões de pessoas que ainda hoje
apresentam nível de proteção inadequado para os riscos a que estão expostos.
Esses novos entrantes, impulsionados pelas chamadas
Insurtechs, estão alavancando suas experiências digitais como chatbots para
ajudar a atender às necessidades dos corretores de seguros e clientes, avanços
no processamento de linguagem natural (PNL), tecnologias de reconhecimento
óptico de caracteres (OCR) e aprendizado de máquina (ML). Significa que esses
chatbots agora são capazes de oferecer experiências e jornadas muito mais
suaves, algumas delas 100% digitais, inteligentes e instantâneas para o público
em geral.
A comodidade das soluções tecnológicas leva as pessoas a
aprovarem suas experiências em plataformas digitais, nas quais com poucos
cliques obtêm uma solução imediata. Esperar numa fila de uma central de
atendimento não é uma solução imediata. Por essa razão, a indústria de seguros
está trazendo mais soluções digitais e automação para acelerar o serviço
oferecido ao cliente e reduzir custos operacionais.
Seguindo a tendência atual, brevemente a maioria dos
corretores de seguros vai oferecer aos seus clientes soluções digitais de
tratamento de sinistros, envolvendo uma experiência mais eficiente que aquela
que conhecemos hoje. Espera-se que essa maior satisfação dos clientes fortaleça
ainda mais o mercado de seguros e aumente o nível de proteção da sociedade
contra riscos de vida e patrimônio.
Dadas as constantes melhorias de Inteligência Artificial
(IA), câmeras e supercapacidade de armazenamento, os fabricantes de automóveis
conseguirão armazenar mais dados no veículo. Graças ao 5G e às novas versões de
Wi-Fi, os dados poderão ser baixados do carro muito rapidamente. O volume de
dados também vem crescendo substancialmente. Assim, colaborando com os
fabricantes de automóveis e com o consentimento do motorista, as seguradoras
serão capazes de obter acesso a gigabytes de dados para cada motorista.
Mas as inovações não param por aí. A grande revolução tem
sido o uso intenso das APIs pelas seguradoras e Insurtechs. A busca por
conectar outros ecossistemas vem aumentando a capacidade digital das
seguradoras, gerando uma experiência superior para o usuário do seguro.
Além disso, a tecnologia contribui para tornar as
coberturas securitárias quase invisíveis aos olhos do usuário. Um carro
conectado já pode registrar um sinistro de forma totalmente automática após um
acidente, informando a exata velocidade e a forma como o motorista estava
conduzindo o seu veículo. Isto sem contar que, com essa hiperconexão, a
seguradora já pode calcular o preço do seu seguro de acordo com o seu estilo de
direção, tempo e forma de utilização do veículo, levando a uma personalização
do preço do seu seguro sem precedentes.
Na linha dos seguros residenciais, outro exemplo
clássico, uma casa conectada em rede pode determinar o nível de risco de roubo
em tempo real, assim como emitir alertas sobre vazamentos de água, gás e outros
tipos de riscos. E, da mesma forma, leva a um preço de renovação do seguro
muito mais personalizado e de acordo com o perfil de risco de cada um.
Para o segurado, a hora da verdade é no pagamento do
sinistro. Assim, o upload de fotos, vídeos e documentos pessoais pelo celular
ou tablets é uma ferramenta cada vez mais utilizada para melhorar uma jornada
de sinistros, que hoje já pode ser totalmente digital.
A jornada do sinistro também passa por um processo de
maturação digital e crescente automação. Inspeções virtuais guiadas, análise de
imagem e metadados, bem como Inteligência Artificial combinados com vastos e
robustos bancos de dados do histórico de sinistros, estão levando ao
desenvolvimento de algoritmos sofisticados para pagamentos das indenizações, de
forma instantânea e em tempo real. O cliente envia fotos ou vídeos das perdas,
seus documentos pessoais, tudo pelo celular, e recebe instantaneamente o valor
da indenização conforme contratado na apólice.
No campo do Seguro de vida e Saúde, a grande novidade são
os programas de bem-estar e saúde oferecidos pelas seguradoras como estratégia
para criar maior engajamento com o usuário e gestão do risco da saúde. O
cliente compartilha suas informações de saúde e dados de atividade em tempo
real, através de dispositivos vestíveis como relógios e outros acessórios. Em
troca, recebe premiações e até descontos para seus seguros.
Os seguros paramétricos são outra inovação do setor.
Imagine que você está embarcando para o exterior e recebe a notícia do atraso
do seu voo. Na hora em que a companhia aérea anunciar o atraso, o valor da
indenização da sua apólice de seguro-viagem será pago instantaneamente em
função do parâmetro estipulado para o tempo de atraso do seu voo.
Com o boom de Insurtechs e novas tecnologias na área de
seguros, cresce também a demanda por profissionais qualificados em inovação. Há
uma ampla oferta de cursos e programas educacionais, alguns em parceria com
universidades no exterior, para aprimorar os conhecimentos em tecnologias
disruptivas voltadas para o mercado de seguros. Esses conhecimentos são
preciosos na valorização da carreira profissional.
Bem-vindo ao admirável mundo novo da Tecnologia no Seguro
ou das Insurtechs! Uma experiência cada vez mais virtual e digital, interações
em tempo real, ofertas personalizadas, engajamento 24 horas por dia, proteção e
prevenção de riscos, e ao mesmo tempo, tudo com um toque humano real, na hora
que o cliente desejar.
Fonte: CQCS / Autores: Tarcísio Godoy é diretor-geral da
Escola de Negócios e Seguros (ENS); Samy Hazan é CEO e fundador da Insurtech
Brazil
É preciso ler o contrato
Fonte: Sindseg / Autor: Antonio Penteado Mendonça
Entre as coisas que o brasileiro não gosta de fazer, ler
se destaca com enorme evidência. Comparando com outros povos, o brasileiro lê
poucos livros, jornais, revistas, bulas de remédio, etc.
Só que o problema vai mais longe. Nós não gostamos de ler
contratos e documentos legais que podem interferir em nossas vidas. O resultado
é que invariavelmente surgem problemas decorrentes da ignorância daquilo que
foi assinado, porque a assinatura foi feita sem que o documento tivesse sido
inteiramente lido. O cidadão pergunta ao outro se está tudo certo e, quando o
outro diz que sim, ele assina. Não porque confia, mas porque não gosta de ler e
os contratos e documentos legais costumam ser muito chatos, monótonos, escritos
em letras pequenas, com muitos parágrafos, itens e subitens, que tomam muito
tempo de quem deve assinar, razão pela qual ele faz de conta que confia e
assina, ainda que podendo ter um prejuízo decorrente da aceitação da avença,
confirmada pela assinatura no local do contratante.
Com certeza, os contratos de seguros não são documentos
alegres. A leitura é pesada e complicada, existem termos técnicos, palavras
difíceis, definições complexas, muitas vezes além do alcance da capacidade de
entendimento de quem está contratando a apólice. O resultado é que a maioria
dos contratos de seguros é pouco conhecida pelos segurados e o resultado desse
desconhecimento pode acabar num processo judicial, porque a seguradora, ao
contrário do que o segurado espera, não paga determinada indenização não
coberta pela apólice.
É preciso dizer que a judicialização das relações de
seguros é menor do que dizem. São milhões de apólices emitidas e procedimentos
autorizados todos os anos, o que faz com que a taxa de processos envolvendo
essa atividade fique baixa quando comparada com outras relações de consumo.
Muito desse resultado é fruto da atuação do corretor de
seguros. Ainda que a lei brasileira não diga que o corretor de seguros é o
representante do segurado nas relações com a seguradora, a definição
internacional da atividade coloca o corretor de seguros nessa situação e o
mercado nacional, seguindo a regra internacional, faz do corretor, na prática,
o representante do segurado.
Profissional treinado para trabalhar com apólices de
seguros e assessorar seus clientes, o corretor de seguros se encarrega de
conhecer os produtos que oferece aos seus segurados, explicando o que e como
está coberto e o que não está coberto. Assim, mesmo sem ler o contrato, o
segurado sabe, grosso modo, o que contratou e, se surgir alguma dúvida, ele tem
sempre o seu corretor para esclarecê-la.
É uma solução que, na prática, funciona com bastante
eficiência. Mas existem situações em que a explicação do corretor de seguros
pode não ser suficiente para transmitir para o segurado as informações
necessárias para ele saber o que efetivamente contratou. É aí que a porca torce
o rabo. O desconhecimento pode gerar desconfianças e dúvidas que empanam a
transparência da relação segurado/corretor e segurado/seguradora.
Se o brasileiro lesse com mais assiduidade o que está
contratando, inclusive porque é do seu interesse direto saber os detalhes do
negócio realizado, com certeza esse problema seria menor.
Como, na prática, repita-se, não é isso o que acontece, o
jeito encontrado para minimizar o problema foi a criação de manuais do
segurado, onde as seguradoras explicam de forma descomplicada e rápida as
principais tipicidades de seus produtos. Foi um passo importante no sentido de
melhorar as relações de consumo do setor e que agora vai sendo complementado
pela simplificação da linguagem das apólices.
Abandonar o segurês se faz necessário e urgente.
Sintonizadas com seu tempo, a maioria das seguradoras está tornando suas
apólices menos herméticas, mais simples e objetivas, mas isso não significa que
as divergências vão acabar. Enquanto o brasileiro insistir em assinar sem ler,
nem toda a boa vontade do mundo será capaz de colocar fim aos problemas e
divergências decorrentes do desconhecimento do contrato.
Vamos ter alguns bilhões com as ferrovias, diz ministro
Fonte: Estadão
Com um potencial de transporte ferroviário pouco
aproveitado, o Brasil tem a chance de virar essa chave e chegar em 2035 em
situação próxima à de países como Estados Unidos e China no uso de ferrovias. A
avaliação é do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que faz a
aposta com base no novo modelo de operações liberado na última semana por
medida provisória, pelo qual o setor privado terá maior liberdade para
construir e usar o modal. Atualmente, as ferrovias transportam cerca de 20% das
cargas no País. Com a novidade no setor e outros projetos de concessão em
andamento, o ministro calcula que a participação do modal possa beirar os 40%
em 2035.
O modelo de autorização está em vigor há uma semana, e o
governo já recebeu 11 pedidos para construção de ferrovias por esse regime. São
mais de 3 mil quilômetros em novos trilhos e R$ 59,5 bilhões em investimentos
previstos. Vamos colocar algumas dezenas de bilhões para dentro com as ferrovias
autorizadas, disse o ministro ao Estadão/Broadcast. A seguir, os principais
trechos da entrevista.
O governo já vinha trabalhando com um plano nacional de
logística com projeções até 2035. Como o novo regime de ferrovias mexe nesse
cenário?
Fizemos um exercício no plano com aquilo que estávamos
elaborando em termos de concessão, renovação antecipada e investimento cruzado.
Já sairia de 20% para 35% de participação do modal ferroviário. Com a chegada
das ferrovias autorizadas, é possível que possamos chegar em 2035 beirando os
40%. Vamos ter uma participação de ferrovias na matriz semelhante à de países
desenvolvidos, similar à da China e Estados Unidos.
Quando esses investimentos vão se materializar?
Os primeiros investimentos podem começar já no ano que
vem, algo em 2023 e 2024, que é o tempo de obtenção de licença, atividade de
desapropriação e consolidação dos projetos.
Como esse quadro mexe no transporte rodoviário?
Muda a natureza dos deslocamentos. O que sempre temos
procurado deixar claro aos caminhoneiros, que ficam assustados, é que você muda
o tipo de deslocamento. Alguns fretes de longa distância vão ser substituídos
por fretes de curta distância. Vai desgastar menos o caminhão. O motorista vai
dormir em casa, vai dirigir menos cansado, se acidentar menos e ter receita
maior. Não preciso de uma referência nacional de frete.
Com o novo modelo, o produtor vai trabalhar num cenário
de competição para toda malha ferroviária que já opera hoje?
Ninguém vai empreender ferrovia, com o super custo de capital,
para sofrer uma concorrência predatória de outra ferrovia. A não ser que
realmente tenha carga para todos. Se isso ocorrer, tem a possibilidade de a
ferrovia concedida ter seu contrato reequilibrado ou de migrar para o regime de
autorização. E há uma hipótese adicional: se a concessionária aumentar a
capacidade da ferrovia que opera em pelo menos 50%, permitimos adaptação do
contrato, uma espécie de bônus (já que o regime de autorização tem um fardo
regulatório menor que o de concessão).
O sr. tem chamado o mês de ‘setembro ferroviário’. Além
dos 11 pedidos para construção de ferrovias, o que o governo tem planejado para
agora?
Tivemos a assinatura do contrato de concessão da Ferrovia
de Integração Oeste-Leste (FIOL), e teremos o início das obras de construção da
Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO). Já temos R$ 30 bilhões de
investimentos ferroviários contratados, agora vamos colocar algumas dezenas de
bilhões para dentro com as ferrovias autorizadas. Também vamos assinar aditivo
para viabilizar a linha de monotrilho que vai ligar a última estação da CPTM
aos três terminais do aeroporto de Guarulhos (em São Paulo), e temos o projeto
de lei que vai viabilizar a concessão da linha 1 e linha 2 do metrô de Belo
Horizonte.
Até o fim do primeiro semestre, havia uma perspectiva
mais otimista com a economia. Agora, os indicadores preocupam. O cenário
econômico não pode afetar o interesse de empresas em projetos com investimento
tão intensivo?
Como a infraestrutura é algo de longo prazo, os
investidores acabam vendo o potencial do negócio num cenário de muito longo
prazo. Começam a ver a estabilidade regulatória, o potencial de crescimento do
mercado, taxas internas de retorno. Não podemos esquecer que temos um excesso
de liquidez. O Brasil tem potencial imenso.
Mas e quanto aos indicadores?
A inflação não é exclusividade brasileira, está acima do
esperado no mundo inteiro. Uma parcela considerável da inflação brasileira é
internacional. A outra, sim, é exclusividade brasileira, que é a questão de
energia. Dependendo do que acontecer no Congresso nos próximos dias em relação
ao espaço fiscal, o mercado vai entender que há um compromisso com a solvência.
Vimos certo temor com relação à questão fiscal, mas o que estamos vendo no fim
das contas é uma relação dívida/PIB decrescendo.
Temos 2022 e o receio de o governo abrir os cofres para
gastar e promover eleitoralmente o presidente Jair Bolsonaro.
O governo não vai abrir os cofres de maneira
irresponsável pela eleição do presidente. Isso está fora de questão.
O socorro da Amazônia
Fonte: IstoÉ
O pulmão do mundo está aqui, no Brasil. A Floresta
Amazônia não é uma necessidade particular, é mundial. O mundo vivencia a
eminência de um colapso climático, o novo relatório da ONU sobre as mudanças
climáticas avisou que, se nada for feito, até 2060 a temperatura média da Terra
aumentará 2 graus, colocando em risco ecossistemas inteiros e, claro, a vida
humana.
No entanto, o País responsável pela preservação da maior
floresta tropical do mundo parece querer, na verdade, destruí-la. Especialistas
apontam que a Amazônia pode queimar mais de dez mil quilômetros este ano (de
janeiro a agosto, mais de 39 mil focos de incêndio foram encontrados). A
floresta pede socorro e o presidente da República, Jair Bolsonaro, incentiva a
exploração de terras indígenas, abrindo caminho para o garimpo (tanto ilegal
quanto legal), colocando o bioma brasileiro em um lugar perigoso como jamais
fora visto antes.
Em um cenário tão desesperador, o Dia da Amazônia não foi
comemorado e, sim, transformado em um enorme pedido de socorro. Nas principais
capitais do País e na cidade de Porto, em Portugal, fotos foram projetadas na
fachada de edifícios e de pontos turísticos, como o Cristo Redentor. O projeto
faz parte da campanha Eu Cuido da Amazônia, realizada pela Fundação Amazônia
Sustentável.
Ao longo do domingo 5, imagens de moradores de unidades
de conservação ambiental foram projetadas para uma mensagem em uníssono: sem
floresta, não há vida. O intuito era fazer com que no dia da nossa floresta,
brasileiros e brasileiras acendam em si a chama da mudança. O Brasil passa pela
maior crise hídrica dos últimos 91 anos, e a matemática é clara, se a floresta
não está em pé, não tem como os rios estarem cheios. Defender a floresta é
defender a vida.
Crise Hídrica
As imagens impactantes da maior seca no rio Paraná, o 2º
maior do continente, em quase 8 décadas
Fonte: BBCNews
Quando um rio seca, a tragédia é visível. O
desaparecimento das águas revela uma paisagem empoeirada, pontilhada por
pequenas lagoas e novas ilhas.
É assim que estão hoje grandes trechos do rio Paraná, o
segundo mais longo da América do Sul depois do Amazonas, e que se encontra em
seu nível mais baixo desde 1944.
O rio de 4.880 km nasce no sudeste do Brasil, atravessa o
Paraguai e deságua no Río de la Plata, na Argentina. Ele é chave para a
indústria comercial e pesqueira, além de fonte de água doce para 40 milhões de
pessoas.
É também uma das vias navegáveis mais importantes para o
transporte de grãos, e sua situação está obrigando muitos exportadores a
considerarem o uso de rotas terrestres.
Essa alternativa é menos sustentável do que a
hidroviária. Enquanto o transporte por caminhão produz 100 gramas de CO2 para
cada tonelada por quilômetro transportado, na hidrovia são 20 gramas.
Além disso, o transporte rodoviário é mais caro.
O rio Paraná é a maior zona úmida socioprodutiva, com a
maior biodiversidade e mais importante da Argentina, disse o geólogo Carlos
Ramonell à agência AFP.
O turismo pesqueiro e a pesca de subsistência são
atividades comuns no rio Paraná.
No trecho do rio do outro lado da fronteira com o Brasil,
na Argentina, existem várias colônias com famílias de pescadores em crise por
causa do baixo fluxo.
No Brasil, também há registros de peixes afetados.
Para economizar água e conseguir atender à demanda de
energia nos próximos meses, o Ministério de Minas e Energia recomendou que
algumas usinas do rio Paraná reduzissem sua vazão.
Enquanto isso, na Argentina, o governo declarou uma
emergência hídrica de 180 dias no final de julho em várias províncias,
incluindo Buenos Aires, para mitigar as graves consequências econômicas e
ambientais da queda dos níveis de água.
Atualmente, como consequência da estiagem, a vazão do
Paraná foi reduzida de uma média de 17 mil metros cúbicos por segundo para
apenas 6,2 mil.
Os baixos níveis das águas estão causando problemas para
a produção de energia, já que a hidrelétrica que corta o rio Paraná entre a
Argentina e o Paraguai (Yacyretá) funciona apenas com metade da capacidade.
Na semana passada, o vice-presidente do Brasil, Hamilton
Mourão, alertou que a seca também pode levar ao racionamento de energia no
Brasil.
Segundo especialistas, as causas da seca dos últimos anos
estão ligadas ao desmatamento descontrolado, às mudanças climáticas e aos ciclos
naturais.
Especialistas acreditam que a seca pode durar até 2022.
Riscos Ambientais
Importadores aumentam pressão sobre Brasil
Fonte: Folha SP
O Ministério da Economia concluiu que a pressão ambiental
exercida por parceiros comerciais deve afetar as exportações brasileiras nos
próximos anos. Os primeiros impactos devem ser vistos no setor de ferro e aço.
As conclusões fazem parte das primeiras análises da
equipe econômica sobre medidas anunciadas pela União Europeia há pouco mais de
um mês para reduzir emissões de carbono também fora das fronteiras do bloco.
O mecanismo criado pelos líderes europeus institui uma
taxa extra para a importação de bens que geram de forma intensiva gases do
efeito estufa. Os produtos de ferro e aço estão entre eles.
A medida entraria em vigor em 2023, e as cobranças
começariam após dois anos.
A União Europeia é responsável por mais de 90% das
compras de laminados brasileiros de ferro e aço vendidos para fora, e os
primeiros números analisados pelo governo indicam que quase US$ 2 bilhões da
exportação pode ser afetada, sendo o Brasil o oitavo país mais prejudicado pela
medida dos europeus.
Apesar de verem um efeito localizado inicialmente, os
técnicos entendem que as medidas da União Europeia podem ser ampliadas, já que
o bloco europeu tende a incluir mais produtos na lista de restrições. Isso
poderia atingir mais fortemente as exportações brasileiras, na visão da equipe.
Na avaliação do Ministério da Economia, potencializa os
riscos o fato de o Brasil não impor a empresas instaladas em território
nacional metas para redução de carbono nos moldes europeus ao mesmo tempo em
que elas tendem a se popularizar nos próximos anos pelo mundo.
Isso porque as tarifas europeias vão incidir com menos
intensidade sobre bens oriundos de países que precifiquem o carbono. Na visão
dos técnicos, isso vai servir de incentivo para o aperfeiçoamento de práticas
ambientais em outros países.
Os empresários do setor siderúrgico têm acompanhado as
discussões com a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e consideram que a
medida poderá ter impactos nas exportações para a União Europeia, que já
estabeleceu restrições para o aço por meio de salvaguardas e medidas
antidumping.
O setor deve ser um dos principais afetados por ser, após
os geradores de energia, o maior emissor industrial de dióxido de carbono no
mundo.
O segmento é responsável por 7,9% do total de emissões
diretas geradas por combustíveis fósseis, de acordo com a Associação Mundial do
Aço -mais do que países inteiros como a Índia.
Tamanho volume de emissão está relacionado com os métodos
empregados na indústria. Grande fornos aquecidos com temperaturas superiores a
mil graus Celsius são usados para obter os produtos, o que gera gás carbônico
de forma significativa.
O Instituto Aço Brasil afirma que tem feito discussões e
atuado para mitigar as emissões. O setor tem dialogado permanentemente com o
governo para que sejam implementadas medidas que possibilitem a redução das
emissões de gases de efeito estufa nos processos industriais, afirma nota da
entidade.
Entre as medidas solicitadas ao governo está o
barateamento do gás natural -algo que a entidade afirma ter impacto menor do
que o uso de outros combustíveis fósseis.
Além disso, o instituto diz que as empresas têm buscado
reaproveitar mais os gases gerados no processo produtivo, elevar a reciclagem
de produtos e ainda usar carvão vegetal feito a partir de florestas plantadas.
Técnicos do governo, o que inclui ministérios como o da
Economia e do Itamaraty, têm discutido as medidas da União Europeia e a
possibilidade de criarem novas medidas como uma resposta à crescente pressão
ambiental contra o Brasil.
A maior assertividade no discurso de líderes globais
sobre a agenda ambiental brasileira é observada diante da falta de políticas
pró-meio ambiente do governo Jair Bolsonaro (sem partido) somada aos recordes
de queimadas e desmatamentos na gestão.
O Brasil é o país que mais preserva o seu meio ambiente.
A gente sofre ataques o tempo todo de países europeus. Lá eles não sabem o que
é mata ciliar porque não têm. Aqui tem, afirmou Bolsonaro recentemente.
Embora o Brasil seja considerado o país com a maior
biodiversidade do mundo, isso não se reflete no compromisso do governo com o
ambiente. O Brasil liderou em 2020 o ranking mundial de desmatamento.
Os discursos de Bolsonaro são feitos enquanto técnicos
estudam uma maneira de unificar as ações do governo em torno do meio ambiente.
Isso inclui o próprio ministério responsável pela área,
que passou há pouco mais de dois meses por uma troca de comando com a demissão
de Ricardo Salles (que defendeu, quando estava no cargo, passar a boiada em
mudanças de regras enquanto a mídia se preocupava com a Covid-19).
Procurado, o Ministério de Meio Ambiente não comentou.
O Ministério das Relações Exteriores afirmou em nota que
o governo brasileiro tem acompanhado com atenção os desdobramentos referentes à
medida da União Europeia, chamada de Mecanismo de Ajuste de Carbono na
Fronteira (CBAM, na sigla em inglês), e ainda vai verificar se ela é compatível
com as regras multilaterais de comércio, o que, na análise da Economia, tende a
ser o caso.
O Itamaraty está informado de que o anúncio da medida tem
despertado preocupação junto ao setor privado de que empresas brasileiras
poderiam passar a ser alvo de novas barreiras comerciais discriminatórias,
disse em nota. O governo continuará a analisar o assunto, afirma a pasta.
Investimentos chineses em energia encolhem
Fonte: Monitor Mercantil
Nos últimos 14 anos, a China se consolidou como um dos
principais investidores estrangeiros no Brasil, com um estoque que alcançou US$
66,1 bilhões em 2020. Ao longo desse período, houve mudanças no perfil de
empreendimentos que atraíram o interesse de empresas chinesas e oscilações no
valor dos investimentos em razão de políticas domésticas adotadas por Pequim ou
de turbulências no cenário internacional, analisa Tulio Cariello no estudo
Investimentos Chineses no Brasil, Histórico, Tendências e Desafios Globais
(2007–2020).
O relatório, feito para o Conselho Empresarial
Brasil–China (CEBC), com patrocínio de Bradesco Corporate, atualiza os dados do
período 2007–2020 e apresenta pela primeira vez os resultados dos anos 2019 e
2020.
No ano passado, com a conjuntura internacional marcada
pela pandemia, houve queda de 74% no valor dos aportes chineses confirmados no
Brasil, que atingiram US$ 1,9 bilhão, o menor valor registrado desde 2014. O
número de projetos caiu para oito, 68% a menos do que em 2019.
O tombo foi sentido nos investimentos estrangeiros de
forma geral no mundo e no Brasil, que caíram 35% e 61,5%, respectivamente,
segundo o estudo. Porém, os investimentos não financeiros da China no exterior
em 2020, de acordo com dados oficiais de Pequim, tiveram redução de apenas
0,4%.
A queda dos investimentos chineses no Brasil em 2020 não
foi uma exceção à regra. Importantes receptores de aportes chineses no exterior
passaram por situações semelhantes, relata Cariello. A retração, porém, apesar
de expressiva, foi bem menor que no Brasil. Houve redução dos aportes na União
Europeia e Reino Unido (-43%) e Austrália (-39%), regiões onde há quedas
contínuas desde 2017.
Nos Estados Unidos, onde os aportes caíram de US$ 48,5
bilhões (2016) para US$ 6,3 bilhões (2109), houve um movimento inverso em 2020,
com alta de 15%, atingindo US$ 7,2 bilhões, reflexo de um número reduzido de
aquisições particularmente volumosas.
Até 2020, o Brasil recebeu 47% dos investimentos chineses
na América do Sul. Quase metade (48%) do valor do estoque dos investimentos
confirmados entre 2007 e 2020 foram direcionados ao setor de energia elétrica,
seguido por extração de petróleo e gás (28%), extração de minerais metálicos
(7%), indústria manufatureira (6%), obras de infraestrutura (5%), agricultura,
pecuária e serviços relacionados (3%) e atividades de serviços financeiros
(2%).
As gigantes de energia State Grid e China Three Gorges
têm a maioria de seus ativos no exterior localizados no Brasil, com fatias de
48% e 60%, respectivamente. O setor de eletricidade atraiu 97% do valor dos
investimentos chineses confirmados em 2020.
Covid: variante delta atrasa retomada da economia global
Indicadores de atividade ficaram abaixo das expectativas
em grandes economias, de acordo com o Goldman Sachs
Fonte: Bloomberg
O aumento de casos de Covid-19 em alguns países durante o
verão no hemisfério norte desacelera a recuperação da economia global, que
sente o impacto da variante delta na operação de fábricas, reabertura de
escritórios e escolas.
Em vez de entrar nos últimos meses de 2021 com a certeza
de que a fase aguda da pandemia ficou para trás, cresce a percepção de que
vacinas de reforço podem ser necessárias, com a volta aos escritórios adiada e
fronteiras ainda fechadas.
Dados na última semana capturam uma desaceleração global
com casos de Covid que afetam viagens e gastos e pioram os gargalos das cadeias
de suprimento. Os altos preços da gasolina também surgem como ameaça.
Nos Estados Unidos, empresas pisaram no freio e desaceleraram
as contratações em agosto, com o menor número de vagas criadas em sete meses,
enquanto check-ins em aeroportos, reservas em hotéis e restaurantes mostram
demanda mais fraca. O principal indicador de confiança dos empresários da
Alemanha perdeu força, e o setor de serviços da China piorou em agosto. Um
indicador global da atividade manufatureira registrou queda.
Indicadores de atividade ficaram abaixo das expectativas
em grandes economias, de acordo com o Goldman Sachs, enquanto o Citigroup
alertou que a recuperação pode desacelerar com a maior divergência entre
setores e regiões.
A propagação da variante delta está atrasando o processo
de reabertura e nos fez revisar para baixo o crescimento global, disse Robin
Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais de Washington,
em referência à projeção revisada de 6,2% para 5,7% este ano.
Esse tropeço pode complicar os planos de bancos centrais
de reduzir o estímulo à economia, desacelerando as compras de ativos ou
aumentando as taxas de juros. O presidente da Federal Reserve, Jerome Powell,
alertou em 28 de agosto sobre a contínua desaceleração do mercado de trabalho
devido à pandemia, enquanto o banco central da Austrália deve avaliar esta
semana se atrasa os planos de redução do estímulo com a piora da situação de
Covid no país.
Na Alemanha, Jens Weidmann, presidente do Bundesbank,
também citou o risco de um revés em discurso de 1º de setembro, enquanto o
Conselho de Estado da China, o equivalente a um gabinete do governo, ordenou
apoio extra para pequenas empresas.
A gravidade da desaceleração a partir de agora dependerá
em grande parte da ciência.
Economias com altas taxas de vacinação permitem que
governos evitem outra rodada de paralisações, optando por medidas direcionadas
que incluem comprovantes de vacinação para locais públicos, como restaurantes.
Com o avanço da imunização, o impacto econômico não deve ser tão forte quanto
nas ondas anteriores, disse Weidmann.
Economias emergentes, no entanto, ainda buscam o mesmo
acesso a vacinas que nações desenvolvidas. A taxa de vacinação é de 58% nas 39
economias definidas como avançadas pelo Fundo Monetário Internacional, em
comparação com apenas 31% para o resto do mundo, e a campanha de imunização em
massa na China tem grande peso neste número.
Economias dependentes da manufatura e turismo, como
Vietnã e Tailândia, foram obrigadas a paralisar fábricas e fechar fronteiras
para turistas. O Sudeste Asiático enfrenta um dos piores surtos de Covid-19 do
mundo, ocupando as cinco últimas posições no relatório mais recente de
resiliência contra a Covid da Bloomberg.
Essa recuperação desigual entre economias em
desenvolvimento e avançadas só deve se agravar, de acordo com Alicia Garcia
Herrero, economista-chefe para a Ásia-Pacífico no Natixis. A divergência entre
economias emergentes e desenvolvidas está realmente piorando.
Vai faltar energia? Ao que tudo indica, sim
O Brasil vive hoje a pior crise hídrica desde 1930,
quando passamos a monitorar hidrologia no país. A estiagem está impactando,
sobretudo, os reservatórios dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Sul, que
representam 70% e 5% dos reservatórios do país, respectivamente.
As projeções do Operador Nacional do Sistema Elétrico
sinalizam reservatórios no SE/CO entre 8% e 10% do volume máximo ao final de
novembro, comparado a 15,5%, no pior cenário que o País já viveu (o
racionamento de 2001-2002).
É bom lembrar que, quando um reservatório cai abaixo de
10%, as usinas perdem sua capacidade operativa, deixando de ter a
confiabilidade necessária para gerar eletricidade. O reservatório fica tão
baixo que, em vez de turbinar água, a usina começa a turbinar a lama.
Por conta deste cenário, nossa dependência das térmicas
este ano será de 16-17 GW num cenário conservador (em linha com o despacho
histórico) e de 20-22 GW em um cenário superior, um despacho nunca alcançado no
passado.
Do lado da oferta, o governo ainda está contando com a
importação de energia da Argentina (máximo de 2,25 GW) e do Uruguai (máximo de
0,57 GW), mas a segurança energética desses países e o atendimento ao Chile,
que se encontra numa crise parecida com a do Brasil, podem colocar este
fornecimento em risco a qualquer momento.
Mesmo com o uso das térmicas e a importação de energia,
se não houver uma redução voluntária da demanda (alcançando pelo menos 5,5 GW),
o sistema pode sofrer blecautes de potência ao longo dos meses de setembro a
novembro, em particular no meio da tarde e à noite, os horários de pico.
Se o governo optasse por decretar um racionamento formal,
com base nas projeções de carga de aproximadamente 70 GW para esse ano o volume
de corte teria que ser de aproximadamente 10%, comparado a 20% em 2001-2002. Em
outras palavras: um racionamento mais leve do que aquele que acometeu o Governo
Fernando Henrique. Mas quanto mais o Governo demorar a tomar esta medida, maior
terá que ser o volume do corte mais à frente.
A demora para a adoção desta medida pode agravar também a
situação de 2022, sobretudo caso as chuvas permaneçam abaixo da média
histórica, o que vem sendo observado nos últimos 20 anos.
Piorando as coisas: o fenômeno climático La Niña,
previsto para esse ano. Caso o La Niña se confirme, o resultado será um regime
de chuvas até pior do que no ano passado na região Centro-Sul ao longo do
próximo período úmido, que se inicia em novembro.
O cenário de racionamento econômico, com tarifas subindo
significativamente acima da inflação, já está dado. São esperados reajustes
entre 8% e 11% em 2021 e de 18% a 21% em 2022, sem contar os ajustes das
bandeiras tarifárias.
Ilustrando a gravidade da crise: no início do período
úmido no ano passado (novembro de 2020), os reservatórios no Sudeste estavam em
24,5% de sua capacidade. Já a expectativa para o ponto de partida deste ano são
reservatórios entre 8% e 10%.
É verdade que em 2022 haverá um aumento expressivo na
capacidade de geração instalada do País, mas a grande maioria virá de usinas
eólicas e solares, fontes intermitentes de energia e que, portanto, não
resolvem o problema de potência e não são alternativas de backup.
A crise hídrica do setor elétrico está extrapolando para
a agricultura (que representa de 70% a 75% do consumo de água no país), o
turismo, as hidrovias e o saneamento básico. (A hidrovia Tietê-Paraná está
parada há mais de uma semana. Na crise de 2014/15, ficou parada 16 meses).
O chamado deplecionamento, a diminuição do volume de água
armazenado em um reservatório, está acelerando para 0,2% a 0,25% por dia, o
equivalente à perda de 8% a 10% de volume dos reservatórios por mês.
Hoje, o nível de armazenamento dos reservatórios do
subsistema Sudeste/Centro-Oeste está em 21%, devendo atingir 15% no final de
setembro, quando em situações normais fi i t d 40% 42%
Estamos em alerta vermelho.
A redução voluntária de demanda nas residências não
costuma fazer diferença, e, no setor industrial e comercial, ela não é
imediata. A adoção do horário de verão também traria pouco alívio, dado que o antigo
horário de pico de 20 horas se deslocou para o meio da tarde dado o uso
crescente do ar condicionado.
No curto prazo, não há muito o que fazer, exceto adotar
transparência máxima com a sociedade sobre os riscos que o País corre, e os
limites do nosso crescimento econômico.
No longo prazo, o Brasil precisará rediscutir com muita
honestidade a composição de sua matriz elétrica, abrindo a cabeça para usinas
térmicas a gás, usinas nucleares e as hidrelétricas de grandes reservatórios,
banidas ao longo das últimas décadas dado seu impacto ambiental.
Só isso será capaz de reduzir nossa dependência do clima
e restaurar a confiabilidade do sistema elétrico.
Fonte: InfoMoney / Autor: Adriano Pires é fundador do
CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura)
Setor de Transportes caminha para a descarbonização
A eletrificação do setor de transportes vem crescendo
mundo afora, mas deve demorar até se popularizar. Além da questão tecnológica
em si, a transição esbarra em problemas como os custos de produção, um caminhão
elétrico pode custar o triplo da versão equivalente a diesel, reciclagem das
baterias dos veículos e a infraestrutura de carregamento dos países.
Enquanto o processo não ganha escala, empresas do setor
apostam em outras formas de descarbonização.
Acompanhando o movimento ESG, que preconiza boas práticas
ambientais, sociais e de governança, algumas companhias têm apostado nos
biocombustíveis e na criação de peças mais leves e sustentáveis, sem
necessariamente tirar a eletrificação do radar.
A Reiter Log, empresa gaúcha de logística, anunciou
recentemente a compra de 124 caminhões Scania movidos a gás natural ou
biometano, como alternativa ao uso de diesel.
Com um investimento superior a R$ 100 milhões, a
companhia passa a ter uma das maiores frotas a gás do Brasil, o que ajuda a
diminuir não só sua própria pegada ambiental, mas a de seus clientes também.
A transportadora continua operando com alguns veículos a
diesel, mas agora passa a oferecer uma opção de frete com menos emissão de
carbono. Segundo a companhia, a nova frota marca a aplicação do conceito ESG
nos serviços de logística que disponibiliza.
O desafio ainda é o preço. Caminhões a GNV custam cerca
de 30% a mais em relação aos modelos a diesel. De acordo com a Reiter Log, a
ideia é mostrar para os clientes que a alternativa não configura um novo custo
logístico, mas um projeto de sustentabilidade.
Por outro lado, pode haver redução nos gastos com
abastecimento, a depender do preço do combustível nos estados. Em agosto, o
valor médio do metro cúbico do GNV em São Paulo era de R$ 3,34, segundo a ANP
(Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). No mesmo mês, o
diesel foi comercializado por R$ 4,61.
Com base nas médias de consumo divulgadas pela Scania, o
caminhoneiro vai gastar R$ 1.502 com reabastecimentos para percorrer 1.000
quilômetros em um veículo movido a diesel. No caso do GNV, o custo da mesma
viagem cai para R$ 1.336.
O gás natural pode ser gerado a partir do biometano, com
aproveitamento de rejeitos agrícolas e lixo. Outra alternativa é o HVO, sigla
em inglês para óleo vegetal hidrotratado, alternativa que está sendo desenvolvida
pela Mercedes-Benz.
Segundo a fabricante alemã, essa opção pode ser utilizada
em qualquer tipo de motor a combustão. Sua molécula sintética é igual à do
diesel comum e também pode ser produzida a partir de gordura animal.
Além do uso de combustíveis menos poluentes, reduzir o
peso dos veículos pode ajudar a cortar emissões no setor de transporte. É o que
tem feito a Randon, fabricante de implementos rodoviários, como carrocerias,
reboques e autopeças para ônibus e caminhões.
Em agosto deste ano, a companhia anunciou que está
desenvolvendo novos produtos em materiais compósitos (que combinam diferentes
tipos de materiais, como fibras e resinas), por meio da marca Fras-le. Esses
itens substituem alguns tradicionalmente fabricados em aço.
Segundo a empresa, o uso desses produtos pode reduzir em
até 65% o peso de alguns componentes, o que contribui com a pegada de carbono
dos caminhões.
Carregar menos peso permite a um veículo aumentar sua
carga e isso diminui a quantidade de CO2 emitido por tonelada transportada,
explica César Ferreira, diretor de inovação das Empresas Randon.
O primeiro projeto é um suporte de para-lamas, peça que
sustenta a cobertura da roda de semirreboques. De acordo com Ferreira, já
existem outros dez projetos sendo desenvolvidos com materiais compósitos, num
processo de alinhamento do portfólio da companhia à agenda ESG.
Segundo o diretor, a necessidade de fazer veículos mais
leves sempre foi importante no setor automotivo, mas tornou-se ainda mais
latente em um contexto de eletrificação.
Um dos grandes desafios dos automóveis elétricos é o peso
do conjunto de baterias. Ainda que o motor seja menor, um carro ou caminhão com
essa fonte de energia acaba sendo mais pesado do que um a combustão, o que se
torna um problema para a autonomia do veículo.
A percepção de que o tema afetaria todo setor de
transportes foi um dos motivos que levou Randon a investir nos materiais
compósitos como alternativa ao aço. A eletrificação é uma questão temporal, ela
vai acontecer, diz Ferreira.
É o que também antecipa a Basf, gigante do setor químico
que possui um departamento de materiais voltado para o segmento de transportes.
Para Jefferson Schiavon, diretor de soluções para
transportes do negócio de materiais de performance da Basf, a perspectiva de
eletrificação da mobilidade já é antiga, o que surpreende é a aceleração desse
processo nos últimos anos.
Hoje a gente vê, principalmente na Europa, vários países
com metas de circulação de veículos só elétricos a partir de certa data, como
Paris em 2030 e na Alemanha a partir de 2050, comenta.
Uma das apostas da companhia são os plásticos de
engenharia. Diferentemente do plástico convencional, o material é voltado para
aplicações que exigem resistência a diferentes condições, mecânicas e térmicas,
por exemplo, podendo substituir componentes de alumínio e aço.
Segundo Schiavon, a Basf tem desenvolvido peças em
plástico de engenharia com foco no mercado de elétricos, justamente porque a
leveza é determinante para a performance desses veículos.
O plástico traz exatamente o benefício da substituição de
metais para diminuir não só o peso, mas todo o processo produtivo, afirma.
De acordo com Fernando Ribeiro, gerente sênior de
desenvolvimento técnico de materiais de performance da Basf, a fabricação de
uma peça de plástico é mais rápida e simples, o que permite emitir menos
carbono no processo de produção em relação aos metais.
Para um componente que iria levar dois quilos de
alumínio, eu preciso só de um quilo de plástico, porque as necessidades são
diferentes. Então eu tenho um balanço positivo para o plástico, já que ele
emite menos na cadeia produtiva, acrescenta Schiavon.
Alguns exemplos de itens feitos pela Basf são conectores,
tubulações de arrefecimento e carcaças para a unidade de controle do motor
(ECU, na sigla em inglês). Por enquanto, as peças são voltadas para o mercado
europeu, já que internamente não há essa demanda.
Ribeiro ressalta que o plástico de engenharia não tem o
mesmo impacto ambiental do plástico usado no dia a dia. É diferente de quando
vemos uma garrafa no mar, que tem um ciclo de vida muito curto. Quando a gente
fala de um componente automotivo, são peças que têm uma vida útil igual a de
uma peça metálica, afirma.
Um desafio, porém, é aumentar a reciclabilidade desses
materiais. A gente ainda não atingiu o nível do alumínio, que tem uma demanda
grande. Os plásticos de engenharia precisam passar por um tratamento químico ou
mecânico para trazer de volta para a indústria, diz Schiavon, acrescentando que
a Basf já tem projetos para reciclar o material.
Fonte: Folha SP
CIST Promove Curso
Clube Internacional de Seguro de Transportes - CIST , entre os dias 13 e 17 de setembro, promoverá mais um curso de curta duração de 10 horas, 100% online. Desta vez, o tema será curso Gestão de Riscos no Transporte de Mercadorias de Seguros ISSO 31000, ministrado por René Ellis.
Objetivo:
A gestão de riscos é um assunto amplamente coberto no segmento industrial. Infelizmente, no setor de transporte de carga, e especialmente em nosso país, a gestão de riscos não é tratada na forma e profundidade que deveria. No entanto, aquelas empresas que nos próximos anos não gerenciem adequadamente seus riscos, pelos quais eles podem ser afetados, terão sérios problemas de subsistência.
O objetivo deste curso é dar uma abordagem clara e racional dos riscos à os quais uma empresa está exposta ao transportar mercadorias e como você deve gerenciá-los. Será missão desta proposta enfocar este assunto do ponto de vista do seguro e sobre qual deveria ser a posição das seguradoras ante a gestão de risco de transporte.
Conteúdos:
Definições e abordagem para gestão de risco / Evolução histórica no Brasil / ISO 31000: 2009 / Classificação de riscos / Processo de implementação de gestão de risco / Setor de Transporte de bens / Origem e história / Conceitos básicos do transporte de mercadorias / Classificação do transporte de mercadorias / O contrato de transporte / Inserção básica INCOTERMS / O transporte no Brasil / Brasil Gestão de riscos no transporte de carga / Mapa de Risco / Risco de compra de acordo com o INCOTERM utilizado / Riscos políticos e antissociais./ Riscos econômicos derivados de direitos e impostos / Riscos legais / Riscos derivados da área geográfica / Riscos derivados da escolha do modo e meio de transporte / Riscos derivados da escolha do modal de transporte / Riscos inerentes ao meio de transporte utilizado / Riscos inerentes à natureza das mercadorias transportadas / Riscos relacionados à interferência humana / Riscos derivados de defeitos ou deficiências antes do transporte / Avaliação do risco / Tratamento do Risco / Prevenção e Proteção / Atividades associadas à gestão de risco do ponto de vista do seguros de transporte / Abordagem e solução com enfoque das seguradoras de transporte Abordagem / Conclusões / Bibliografia.
Serviço: Data: 13 a 17 de setembro de 2021 / Horário: 19h00 às 21h00
Investimento: R$ 200,000 para sócio e de R$ 300 para não sócio.
Mais informações: secretaria@cist.org.br / #Conhecimento e #networking qualificado.
Acesse as edições mais recentes das publicações do mercado:
Revista Apólice: https://www.revistaapolice.com.br/2021/05/edicao-265/
Revista Cobertura: https://www.revistacobertura.com.br/revistas/revista-cobertura/revista-cobertura-edicao-231/#2
Revista Segurador Brasil: https://issuu.com/revistaseguradorbrasil/docs/segurador_166_
Revista Seguro Total: https://revistasegurototal.com.br/2021/06/14/mercados-de-vida-e-previdencia-apresentam-crescimento/
Revista Insurance Corp:
Caderno de Seguros: https://cnseg.org.br/publicacoes/revista-de-seguros-n-916.html
Revista Brasil Energia: https://editorabrasilenergia.com.br/wp-content/uploads/sites/1/flips/129726/Bia469v3/2/index.html
Relatório 2020 da CNseg (destaca os seus projetos e ações em ano desafiador): https://cnseg.org.br/noticias/relatorio-2020-da-cnseg-destaca-os-seus-projetos-e-acoes-em-ano-desafiador.html