Mercado financeiro ganha nova regulamentação e potencializa ações ESG
03, Dez. 2021
Mercado financeiro ganha nova regulamentação e
potencializa ações ESG
Por Camila Mortari - www.segs.com.br - Categoria: Economia
*Claudinei Elias, Suelen Silva e Gabriel Mello
Em setembro passado, o Banco Central (BC) divulgou novas, mais específicas e duras regras em prol das boas práticas socioambientais e de governança corporativa para o sistema financeiro nacional. O avanço ocorre no intuito de tornar equiparáveis os esforços que as instituições financeiras já adotavam para gerenciar riscos tradicionais ao setor e que agora incluirão as dimensões sociais, ambientais e climáticas, tratadas com o mesmo rigor. Ainda em riscos, há a indicação, para instituições de maior porte, sobre a necessidade de desenvolverem análises de cenário e testes de estresse, para quantificar como as mudanças climáticas poderiam afetar a organização no curto, médio e longo prazos.
Uma pesquisa conduzida pela Bloomberg na Europa mostra que os bancos europeus não terão dados para realizar os testes de estresse a tempo determinado pelo BCE (Banco Central Europeu), o qual deve ocorrer entre março e julho de 2022. Assim, o BCE já manifestou sua preocupação, uma vez que os credores parecem despreparados para os impactos dos riscos climáticos e, somado a isso, as condições meteorológicas extremas são cada vez mais frequentes, tornando as emissões de carbono caras. O BCE parece aumentar a pressão e deixa claro que as instituições financeiras que não se adaptarem correm o risco de terem seu capital onerado e assim deixar menos para os acionistas. Para tanto, o próprio BCE publicou uma metodologia para auxiliar as instituições a seguir na agenda sustentável.
Já no Brasil, as novas regras de gerenciamento de riscos têm como foco a integração dos riscos social, ambiental e climáticos ao gerenciamento dos riscos tradicionais (crédito, mercado, liquidez e operacional), redefinindo os conceitos de cada um, sendo:
Risco ambiental: trata a possibilidade de ocorrência de
perdas devido aos atos de degradação ao meio ambiente, os quais se referem a
indícios de conduta ou atividade irregular; poluição irregular, desastres
ambientais e ato ou atividade que impacte negativamente a reputação da
instituição, em decorrência de degradação do meio ambiente
Riscos sociais: relacionados às práticas de violação de
direitos fundamentais ou de interesses coletivos
Riscos climáticos: há duas vertentes, risco de transição e risco físico. O risco de transição traz a sua associação aos impactos negativos que podem ser gerados para a instituição em decorrência da transição para uma economia de baixo carbono; e o risco físico está associado a mudanças extremas do clima que podem causar seca, inundação, aumento do nível do mar, enchentes e queimadas.
A consideração dos diversos testes, traz consigo uma nova dinâmica que complementa a de riscos operacionais, de crédito e liquidez e que é específica, uma vez que as causas de impactos pelo clima são diversas e podem afetar adversamente toda a carteira. Não podemos deixar de mencionar a necessidade de novas métricas e indicadores. Medir impactos é a nova realidade de todas as empresas e organizações e, naturalmente, da indústria financeira, pela natureza de seus negócios, os quais a fazem muitas vezes sair na frente e criar seus modelos para atender a demanda regulamentar e gerenciar de forma mais adequada seus próprios riscos. O desafio é grande, mas o setor é pioneiro em estabelecer práticas de governança e gestão de riscos.
A frase de Thomas Morus, “nenhum homem é uma ilha”, nos ajuda a entender que o convívio faz parte da existência humana, logo estamos todos a todo tempo interligados, interconectados e temos que estar muito atentos a essas mudanças.
*Claudinei Elias é CEO e fundador da Bravo GRC, uma empresa de consultoria em GRC e ESG que, por meio da tecnologia, integra pessoas e processos com mais de quinze anos de atuação no mercado de Governança, Riscos e Compliance
*Suelen Silva é Head de Research da Bravo GRC
*Gabriel Cardoso de Mello é Research Analyst na Bravo GRC
95% das seguradoras acreditam que mudança climática é um risco de investimento
A pesquisa conclui que essas empresas estão priorizando o
investimento sustentável, a diversificação para ativos de maior rendimento e a
transformação tecnológica, à medida que as preocupações com as mudanças
climáticas se intensificam
Por Denise Bueno – Sonho Seguro
De acordo com um novo estudo da BlackRock, os principais executivos das seguradoras em todo o mundo estão cada vez mais preocupados com as implicações do risco climático. Especificamente, 95% dos gestores pesquisados confirmam que as implicações do risco climático terão impacto significativo na construção de carteiras nos próximos dois anos. As conclusões surgem após um ano de desastres naturais sem precedentes e refletem a perspectiva de um setor que está diretamente exposto aos riscos físicos impostos pelas mudanças climáticas.
A BlackRock consultou 362 gerentes seniores de seguradoras em 26 mercados sobre suas intenções de investimento para o próximo ano. No total, as empresas participantes representam US$ 27 trilhões em ativos de investimento. O impacto crescente da sustentabilidade, a necessidade de diversificar as carteiras em classes de ativos de alto desempenho e o impulso para a digitalização de negócios são os temas dominantes para as seguradoras neste ano, de acordo com o estudo obtido pelo blog Sonho Seguro.
Charles Hatami, Chefe Global do Grupo Consultivo de Instituições Financeiras e Mercados Financeiros da BlackRock, comentou sobre os resultados: “Uma grande maioria das seguradoras vê o risco climático como risco de investimento e está posicionando seus portfólios para mitigar riscos e capitalizar sobre os riscos. Oportunidades transformacionais apresentado pela transição para uma economia de emissões líquidas zero. A atenção cada vez maior das seguradoras à sustentabilidade deve ser um alerta para a indústria de investimentos.”
Acelerando a ênfase na sustentabilidade
O investimento sustentável continuou a crescer em importância entre as seguradoras globais, refletindo a mudança de longo alcance em direção ao investimento sustentável. Metade dos entrevistados no estudo indicou que a razão para realocar os ativos existentes para investimentos sustentáveis é a capacidade desses investimentos de gerar um melhor retorno ajustado ao risco.
Embora o risco geopolítico continue a ser a principal preocupação das seguradoras, o risco ambiental agora é visto como uma séria ameaça à estratégia de investimento da sua empresa, com mais de um em cada três entrevistados citando-o como um potencial obstáculo.
Os resultados também destacam que as seguradoras continuam a integrar a sustentabilidade em seus processos e estratégias de investimento: quase metade dos entrevistados confirmou que recusou uma oportunidade de investimento nos últimos 12 meses devido a questões ESG.
Aumento do apetite por risco e diversificação em ativos não essenciais
Outra tendência dominante identificada no estudo da BlackRock é a necessidade de diversificar para ativos de maior rendimento, já que 60% das seguradoras esperam aumentar sua exposição ao risco de investimento nos próximos dois anos. Isso representa o nível mais alto desde que a BlackRock começou a monitorar essas informações em 2015. No entanto, esse aumento parece ser desnecessário, já que o atual regime de baixa taxa de juros continua a pressionar as seguradoras a considerarem investimentos em alternativas e ativos.
Uma área em particular onde as alocações estão mudando é nos mercados privados, dada sua diversificação e potencial para retornos superiores. Em 2023, as seguradoras acreditam que suas alocações medianas para mercados privados chegarão a 14% de sua carteira total (de ~ 11% hoje), e nenhuma seguradora espera ter uma alocação estratégica para mercados privados de menos de 5%.
No entanto, à medida que as seguradoras aumentam seu apetite pelo risco, a liquidez continua sendo uma prioridade fundamental. Consequentemente, 41% das seguradoras planejam aumentar suas alocações de caixa no próximo ano. Os ETFs também são vistos como uma ferramenta eficaz para gerenciar a liquidez e melhorar o desempenho, e 87% dos entrevistados preveem que a gestão da liquidez pode ser um fator-chave para aumentar a alocação aos ETFs nos próximos 1-2 anos.
Aceleração do investimento em tecnologia
Acelerar a transformação digital também é uma prioridade para as seguradoras, em grande parte impulsionada pelo impacto da pandemia. Quase dois terços das seguradoras planejam aumentar os gastos com tecnologia nos próximos dois anos.
Em particular, o setor está avançando em direção aos recursos de gerenciamento integrado de ativos e passivos (ALM) devido ao cenário competitivo, à complexidade regulatória e ao ambiente econômico. Nos próximos dois anos, 56% dos entrevistados planejam se concentrar na integração do gerenciamento de ativos e passivos e 45% priorizam o gerenciamento de riscos de múltiplos ativos. Isso se deve ao impulso para a diversificação de investimentos, especialmente em mercados privados, que destacou a necessidade de uma solução de tecnologia única com uma visão global do portfólio em todo o espectro de classes de ativos.
A digitalização também está desempenhando um papel importante para atingir as metas de emissões líquidas zero: 41% dos entrevistados confirmaram que buscam aumentar o investimento em tecnologia que integre risco climático e métricas, um sinal claro de que a análise para investimentos “prontos para a transição” é uma prioridade para as seguradoras nos próximos anos.
Anna Khazen, responsable del Grupo de Instituciones Financieras
de BlackRock para la región de EMEA, añadió: “En la década transcurrida desde
que lanzamos nuestro Informe mundial sobre seguros, se ha producido una
transformación en todo el sector en cuanto a la forma en que la tecnología, la
sostenibilidad y las complejidades normativas influyen conjuntamente en las
prioridades de inversión de las aseguradoras. Una visión completa y
transparente del riesgo dinámico de la cartera, en particular del riesgo
asociado al cambio climático, no es sólo una ventaja competitiva para las
aseguradoras: é uma necessidade.”
Estudo para avaliar a evolução dos riscos ASG no setor de seguros tem apoio da CNseg
www.segs.com.br - Categoria: Seguros
A CNseg está apoiando institucionalmente a realização de um estudo elaborado por pesquisadores do Programa de Planejamento Energético da Coppe e da Coppead da UFRJ, que tem por objetivo avaliar a evolução da gestão de riscos Ambientais, Sociais e de Governança (ASG), com ênfase em riscos climáticos, no setor de seguros no Brasil.
Para a realização do estudo, está sendo feita uma pesquisa junto a profissionais de diferentes níveis das seguradoras associadas, particularmente das áreas de sustentabilidade, subscrição de risco, gestão de riscos, investimentos, técnica e sinistros. Corretores de seguro atuantes nos ramos de seguros de grandes riscos, de seguro rural, de riscos ambientais e de outros ramos também estão convidados a participar.
A pesquisa utiliza as mesmas premissas metodológicas do estudo global realizado em 2009 pela Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP FI), que originou o relatório “A situação global da sustentabilidade em seguros”. Além disso, constitui uma evolução da pesquisa acadêmica conduzida em 2015, também por pesquisadores do Programa de Planejamento Energético da Coppe e da Coppead da UFRJ, que também contou com a participação das empresas de seguros no Brasil e com o apoio institucional da CNseg.
De acordo com a Diretora-Executiva da CNseg Solange Beatriz
Palheiro Mendes, o apoio ao estudo está alinhado a um objetivo maior da
Confederação, que é o de incentivar a produção de conhecimento científico
voltado para áreas de interesse do setor de seguros.
Eletrobras e Petrobras recebem certificação IG-Sest Nível
1
Grau é o melhor nível indicador. Controladas CGT Eletrosul e
Eletronorte obtiveram Nível 2
A Eletrobras e a Petrobras receberam a certificação do IG-SEST Nível 1, a classificação no melhor nível do indicador, no quinto ciclo da Certificação do Indicador de Governança da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, que demonstra o grau de excelência na área. No caso da Eletrobras, a certificação incluiu ainda as subsidiárias CGT Eletrosul e Eletronorte, que obtiveram Nível 2 de certificação.
Neste quinto ano, 60 estatais foram avaliadas, sendo 45 de controle direto e 15 subsidiárias. Do total, 31 foram certificadas, sendo 16 no Nível 1 e 15 no Nível 2. A metodologia aplicada pelo IG-Sest é composta pelas seguintes dimensões: Governança – Conselhos e Diretoria, Transparência e Gerenciamento de Riscos e Controles. A partir dos resultados apresentados, são aferidos notas de classificação e o nível de certificação da empresa. Nesta edição, o Indicador de Governança incorporou, além de parte dos aspectos avaliados nos ciclos anteriores, recomendações e diretrizes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, da Controladoria-Geral da União e do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.
Os questionários preenchidos pelas empresas, bem como a
documentação apresentada, foram analisados por uma Comissão de Avaliação, da
qual fizeram parte representantes da Sest e membros independentes, como
representantes da Brasil Bolsa Balcão, Fundação Dom Cabral, Fundação Getúlio
Vargas, Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, Instituto Brasileiro de
Relações com Investidores, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e
Universidade de Brasília.
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Revista Insurance Corp: http://insurancecorp.com.br/pt/content/pdf/ic_ed38_2021.pdf
Revista Segurador Brasil: https://revistaseguradorbrasil.com.br/edicao-168/
Revista Seguro Total: https://revistasegurototal.com.br/2021/10/08/edicao-221-quiver-30-anos-de-parceria-com-o-corretor-de-seguros/
Revista Insurance Corp: http://insurancecorp.com.br/pt/content/pdf/ic_ed38_2021.pdf
Revista Brasil Energia: https://editorabrasilenergia.com.br/wp-content/uploads/sites/1/flips/131000/Bia471/2/index.html
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